* José Luiz Barbosa
Com um slogan sugestivo e de clamor popular, "Segurança em 1 Lugar" e sem nenhuma proposta concreta para a segurança pública na Capital, os cidadãos de Belo Horizonte acabam de eleger para representá-los na câmara municipal, o Coronel da Polícia Militar do quadro de oficiais aposentados, Edvaldo Piccinini Teixeira, atual presidente do Clube dos Oficiais.
Não causa estranheza a eleição de um cidadão oriundo das forças de segurança, pois há realmente uma demanda reprimida dos cidadãos em todos os municípios brasileiros por mais segurança, principalmente nas grandes metrópoles o que reforça o discurso dos pretendentes a cargos no poderes legislativo e executivo.
O que surpreende e até nos assusta é o fato do vereador Cabo Júlio, ex-líder do movimento dos praças de 1997, concorrente a reeleição pelo PMDB, não ter conseguido votos suficientes para sua recondução ao cargo, pois se havia espaço para a eleição de mais um representante da Polícia Militar, porque perdemos uma cadeira que em tese, pertencia aos praças, e que na pior das hipóteses haveria de ser substituída por uma liderança dos praças, ou pelos menos compromissada com seus interesses na circunscrição territorial do município de Belo Horizonte.
A explicação para as mudanças no legislativo municipal, claro não se pode atribuir tão somente ao interesse político de assunção ao cargo de deputado estadual, pelo vereador Cabo Júlio, com a vacância do cargo na assembléia legislativa, pela eleição de um prefeito que ocupava o cargo de deputado do PMDB, mesmo porque reconquistamos a cadeira originariamente conquistada na histórica eleição de 1998 pós-movimento dos praças, mas também a outros ingredientes, como a ignorância política e indisposição voluntária dos policiais e bombeiros militares em participar do processo político, o que não exime de responsabilidade as lideranças que são co-autoras na construção dos canais e meios para que a participação torne-se efetiva e uma pratica comum, livre de pressão, e sem interferências de terceiros interessados.
Acreditamos todavia, que nos próximos dois anos, que restam do mandato de Deputado estadual, o vereador Cabo Júlio estará exercendo com vigor e firmeza suas funções parlamentares na luta pela valorização e respeito aos policiais e bombeiros militares em parceria com o Deputado Sgt Rodrigues, que como exclusivo representante da bancada da segurança pública no parlamento, fica como uma voz solitária e muitas vezes limitado nas suas tarefas de mobilizar, articular e promover a defesa dos interesses dos profissionais da segurança pública, que senão abrirem os olhos em breve estarão sendo representados pelos oficiais, que doutrinaria e ideologicamente foram politizados e formados para defender a instituição como órgão do Estado, e não como de uma agência pública de atendimento, proteção e socorro dos cidadãos.
A expectativa e os anseios que foram as causas da insurreição dos praças em 1997, foi motivada por um ato de deslealdade dos oficiais que negociaram seu reajuste salarial, deixando de fora os praças, que com os salários achatados e defasados, a cidadania violada e a dignidade desrespeitada nos quartéis, partiram para um movimento que atravessou as fronteiras do Estado de Minas Gerais, sendo o passo decisivo para que descobrissem o caminho e as armas para lutar pela sua valorização e respeito a sua condição profissional e de cidadão. E serão estes anseios e demandas ainda não atendidas que ao nosso entendimento deverão pautar os trabalhos legislativos dos deputados, sem no entanto esquecer, que o resultado final influenciará a releição de ambos.
A conclusão a que chegamos, respeitando as opiniões discordantes e divergentes, é que com contra fatos não há argumentos, é que não há nem nunca houve nenhum projeto político coletivo de representação de classe, mas projetos políticos de poder, cujos interesses gravitam entre grupos dominantes na estrutura da organização policial militar e das associações, que sujeitam seus interesses e a de seus comandados e associados ao sabor do interesse político governamental e da ambição e vaidade pessoal de cada um, que se projeta como figura pública no cenário político institucional.
*Presidente da Associação Mineira de Defesa e Promoção da Cidadania e Dignidade e especialista em segurança pública.
Editorial do blog: Concordo com o texto mas com pequenas ressalvas. Quanto ao vereador eleito Cel Piccinini, concordo plenamente que o mesmo se elegeu sem apresentar nenhuma proposta concreta para a Segurança Pública e já começou muito mal, debatendo com o vereador eleito representante da PC, não sei se foi estratégia ou imaturidade, mas pelo menos para mim não foi bom. Quanto ao Cabo Julio não me causou nenhuma extranhesa e nem me assustou a não reeleição do mesmo, para dizer a verdade eu até esperava que isso acontecesse, pois o Julio apenas colheu o que plantou. A decadência do mesmo começou em junto de 2011 dentro do ginásio do COPM, naquele momento todos os presentes da platéia em sua maioria praças, tinha o Julio e o Coelho como semi Deus e só acreditavam neles naquela decisão do aumento, pois o Julio sempre plantou e sempre disse que não aceitaria um piso menor do que R$4 mil naquela negociação, o que aconteceu? fomos traídos não vou nem dizer que foram por todos os negociadores, mas principalmente pelo Julio e pelo Coelho que aderiram aos demais. A insatisfação da tropa começou pela eleição do CSCS, de maneira errada mas foi uma insatisfação, pois uma entidade com mais de 16 mil associados, nem 2 mil foram votar e o candidato vencedor "Cabo Coelho" não teve nem 1500 votos, os votos que o mesmo teve, foram de sua diretoria e aqueles que ele conseguiu comprar suas consciências ou seja, aqueles associados que de alguma forma foi ajudado pelo Coelho com alguma coisa. No caso do Julio eu já estava pregando nos batalhões que eu passava e para os militares com quem eu encontrava, que dificilmente ele se reelegeria como vereador. O pior que o Julio ainda cometeu mais um erro, não sei se proposital ou não, ao se candidatar a reeleição, pois era certo a posse dele a uma cadeira na Almg, os votos que ele teve para a Câmara, poderia fatalmente ter elegido outro candidato militar. Ja os votos depositados ao Cel Piccinini em sua maioria foram de civis, oficiais e parentes de oficiais, pois o slogan que o mesmo usou foi muito sugestivo "Segurança em 1º lugar", os moradores de BH são muito carentes em Segurança Pública e o Cel se aproveitou dessa carência. Só espero agora que o Julio não cometa o mesmo erro com sua posse na Almg e só vai depender dele a recuperação de sua credibilidade com a tropa, ele tem que parar de gritar muito e agir mais, pois atualmente ele esta igual aqueles cachorros que late, late e late, mas se a pessoa se abaixa para ele (o cachorro) ele corre, ou seja, late mais não morde. Esperamos também, com a posse do Julio, que pare as briguinhas de compadres dele e do Sgt Rodrigues, que os dois dentro da Almg parem com as rivalidades e voltem os seus mandatos exclusivamente para o bem da tropa, darei até uma sugestão, tentem renegociar os índices de aumento com o governo, começando pela antecipação do índice de 2015, depois com um abono de compensação para os militares da reserva, reformados e pensionistas, no que diz respeito ao PP pagos aos militares da ativa.