Publicação: 28/09/2012 06:00 Atualização: 28/09/2012 06:29
Operários retiram lixo despejado todos os dias na represa |
“A Pampulha é uma joia que a cidade tem que cuidar”, afirmou em Belo Horizonte, em tom de alerta, o especialista em saneamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Yvon Mellinger. Ele esteve na capital para mais uma etapa da negociação do empréstimo de US$ 75 milhões destinado a obras de desassoreamento e revitalização da lagoa. Em companhia do prefeito Marcio Lacerda e de técnicos da Copasa, Mellinger visitou o Parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego e pôde ver os problemas de poluição e assoreamento do lago, como mostrou ontem reportagem do Estado de Minas.
O técnico do BID informou que a liberação do financiamento não depende apenas do banco. “Temos o trabalho técnico e a aprovação interna. Obviamente, não depende de nós, mas de todos os nossos parceiros, como a Copasa e a Prefeitura de Belo Horizonte. Após isso, obviamente, o governo federal também tem que aprovar o empréstimo, pois requer a garantia soberana da nação”, disse Yvon, lembrando que o município já apresentou toda a documentação necessária para obtenção dos recursos.
O técnico do BID informou que a liberação do financiamento não depende apenas do banco. “Temos o trabalho técnico e a aprovação interna. Obviamente, não depende de nós, mas de todos os nossos parceiros, como a Copasa e a Prefeitura de Belo Horizonte. Após isso, obviamente, o governo federal também tem que aprovar o empréstimo, pois requer a garantia soberana da nação”, disse Yvon, lembrando que o município já apresentou toda a documentação necessária para obtenção dos recursos.
O empréstimo do BID, o equivalente a cerca de R$ 140 milhões, será destinado principalmente ao desassoreamento da barragem. Serão retirados 750 mil metros cúbicos de sedimentos apenas do espelho d’água, o que inclui a recuperação da antiga enseada do zoológico, de onde devem ser retirados mais de 300 mil metros cúbicos de terra, lixo e outros resíduos. O local, hoje, se transformou em um pântano, cheio de sujeira e mato.
Sedimentos
O prefeito Marcio Lacerda falou sobre as intervenções necessárias para a recuperação do mais famoso cartão-postal da cidade. “É preciso um trabalho permanente de desassoreamento e diminuição da quantidade de sedimentos lançados na barragem. Isso demandará um esforço de conscientização de longo prazo, além de muitas obras.” Ele informou que a Copasa está atuando na cabeceira dos córregos que deságuam na lagoa, com a instalação de interceptores de esgoto. Hoje, de acordo com levantamentos da PBH e da Copasa, 80% do esgoto que chega à Pampulha é produzido em Contagem, na Região Metropolitana de BH, e 15% vêm da capital.
A meta da administração municipal é reduzir os índices de poluição da lagoa, deixando-a apta até 2014 para a prática de esportes náuticos, a chamada classe 3. Para alcançar esse objetivo é preciso tratar pelo menos 95% do esgoto lançado na represa. O tratamento de 100% dos efluentes despejados na lagoa não será possível em 2014 por causa das ligações clandestinas que despejam esgoto nas galerias pluviais. A estimativa da PBH é que mesmo nas áreas da Pampulha onde já foram implantados interceptores ainda há milhares de redes clandestinas de esgoto que poluem a lagoa. Para despoluir, segundo Lacerda, serão necessários R$ captação do esgoto e de desassorea milhões.
Fonte do Blog: Quem vai salvar a lagoa da Petrobras, onde estão nossos deputados que foram votados por nos. A Lagoa da Petrobrás é uma represa localizada na divisa entre os municípios de Sarzedo e Ibirité, em Minas Gerais, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Apesar de a maior parte da represa estar no município de Ibirité, perto dos condomínios Quintas da Jangada e Quintas da Lagoa, aproximadamente um oitavo da represa está dentro dos limites de Sarzedo. É utilizada no processo industrial da REGAP (Refinaria Gabriel Passos).
A Petrobras, que criou a lagoa na década de 60, aponta a prefeitura da cidade como a grande culpada pela paralisação da Etaf. Já a prefeitura diz que a Petrobras é irresponsável e deve pagar indenização ao município. O fato é que em 1998 a estatal constatou que havia algas azuis nas águas, o que indicava presença de matéria orgânica. Em 2003, foi assinado um convênio entre a Petrobras, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e a Prefeitura de Ibirité para a construção da estação de tratamento. “Dividimos o acordo em partes para que cada órgão pudesse cumprir a sua. A nossa foi o investimento financeiro e repassamos R$ 7 milhões para as obras. O Igam ficou responsável por escolher a empresa que construiria o empreendimento e a tecnologia usada. Tudo isso foi feito e, em 2005, quando a Etaf estava concluída, a prefeitura se negou a operá-la, descumprindo o acordo”, explica Fábio do Santos Dutra, gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobrás.
Segundo afirma o secretário de Meio Ambiente de Ibirité, André Matos, a história é diferente. “Como na época a prefeitura não sabia qual o custo para operar uma estação de tratamento, acreditou que o convênio era um investimento na cidade, que é muito carente. Porém, colocaram a batata quente na nossa mão, pois só para a operação gastaríamos R$ 300 mil por mês, dinheiro que o município não tem”, defende o secretário.
Ele ainda revela que no meio dessa briga entrou a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), que se tornou responsável, naquela época, pela contenção de esgoto de Ibirité. “Mas os técnicos da Copasa disseram que a estação não resolveria o problema e não quiseram assumir”, diz.
Ao deus-dará, apenas com um segurança contratado pela Petrobras para tomar conta do terreno, o local está abandonado, rodeado de lixo e entulho, com poças d’água perfeitas para a proliferação de larvas de mosquitos. Enquanto a briga se estende em busca de culpados e não de soluções, quem paga o pato são os moradores da região. Tanto é que Roberto Cambraia revela que o condomínio onde é síndico, o Quintas da Jangada, que fica à margem do cartão-postal poluído, já protocolou documento na Justiça para que a situação seja resolvida, mas nada foi feito até hoje. “Antigamente, aqui podíamos nadar e pescar. Agora vemos peixes mortos e uma degradação muito grande”, reclama.
Da varanda da sua casa, no mesmo condomínio, a lagoa é, para a professora Simone Dias Reis, rica em beleza. “Mas de perto é triste de ver. Além dos animais mortos, a água está suja, poluída e tem um cheiro insuportável. Moro aqui há dois anos e nunca vi alguém limpá-la”, diz. Ela reclama também da falta de segurança, pois muitas crianças se afogam no lugar. “Cinco alunos meus morreram nessas águas”, lamenta.
O perigo é motivo de outra polêmica entre prefeitura e Petrobras. A primeira diz que a fiscalização e a limpeza são de responsabilidade da estatal, uma vez que foi ela quem criou a lagoa. Por outro lado, a Petrobras, que reconhece que o local foi feito por ela, diz que não lhe pertence, mas sim ao município.
Enquanto isso, as dores de Maria da Conceição Araujo, que mora às margens da represa, aumentam. Há 10 anos, ela trabalhava como vendedora de bebidas e salgados na lagoa e se contaminou com xistose. “Eu entrava na água, não sabia que não podia. Agora estou doente, não tenho dinheiro para me tratar. Tenho muitas dores e desmaios.”
Processos
A briga entre a Petrobras e a Prefeitura de Ibirité chegou até à Justiça. Enquanto a empresa estatal processa o município por abandono de convênio, a cidade quer indenização da Petrobras por ela ter construído a Etaf em um terreno rebaixado, o que tem causado enchente com as chuvas, e pedem a retirada imediata do elefante branco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário