sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

PRAÇA DA RODOVIÁRIA venda ilegal de medicamento



Secretaria de Saúde de BH diz que só fiscaliza locais fechados
Publicado no Super Notícia em 11/01/2013
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LUCAS SIMÕES FOTO: ALEX DE JESUS
Remédio barrado pela Anvisa é vendido no centro de BH
Sentado em um caixote de madeira na rua Saturnino de Brito, ao lado da rodoviária, no centro de Belo Horizonte, um homem de camiseta e bermuda passa despercebido com uma cartela azul nas mãos. Ele olha para os lados e distribui comprimidos a um cliente, enquanto conta notas de dinheiro com tranqüilidade. "Esse é o azulzinho, melhor que o Viagra original. Pode até tomar dois, porque vai fazer sucesso", empolga-se. É em tom de brincadeira que o homem, conhecido como Toninho, lidera o comércio do estimulante sexual Pramil, que tem a venda proibida no país e pode causar a morte em pessoas cardíacas.

Junto com ele, quatro agenciadores vendem o remédio na praça Rio Branco. A 200 m do lugar, está a Região Integrada de Segurança Pública (Risp). A reportagem foi ao local por dois dias e constatou que o medicamento pode ser encontrado avulso, ao preço de R$ 2, ou em cartelas de 20 compridos, que custam R$ 50.

Apesar de negar, o grupo age junto, dividindo tarefas. Nervoso e agitado, um deles, de 45 anos, é responsável por manter o olhar a policiais militares que circulam pela região. Mesmo com uma viatura parada na praça, o vendedor, de cabelos grisalhos, se movimenta a passos rápidos e repassa dez cartelas de Pramil a um cliente. "Tem que ficar de olho nos PMs. Se pinta algum problema, aviso os caras", diz.

Conforme Toninho, o grupo se concentra na praça sempre entre as 9h e as 15h, se revezando. "Acabei fazendo clientes fixos, em que vêm toda semana. Tem dias em que consigo tirar até R$ 300", diz. Questionado sobre a qualidade do produto, ele dá garantias. "Se tiver problema, (você) volta aqui em dois dias que eu pago o seu hospital", diz, em tom debochado.

Quando há pouco movimento na praça, a venda é explícita. Sem constrangimento, um homem identificado como Paulo oferece o "azulzinho" aos gritos. Questionado sobre a venda do remédio proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ele desconversa: "Só vendo relógios. Eu sou trabalhador. Imagina se vou ter envolvimento com crime?"
Pramil é proibido há seis anos
A venda do Pramil é proibida no país pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde setembro de 2006. A decisão foi tomada, segundo o órgão, porque o produto, fabricado no Paraguai, contém alteração no sal, o que pode trazer riscos a pacientes com problemas cardíacos, possibilitar infartos e até casos de hemodiálise. Por isso, a venda é considerada contrabando e pode gerar prisão de um a quatro anos.

Segundo o urologista Francisco Guerra, do hospital Urológica Minas Gerais, o consumo do Pramil é perigoso. "Ele prejudica o sistema cardiovascular. Até o original, nem todo mundo pode tomar, porque potencializa a dilatação da oxigenação do coração, e o risco de parada cardíaca com morte é muito maior. O ideal é uma consulta médica antes de consumir", diz.(LS)

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