Água e óleo não se misturam
Os últimos dias foram marcados por notícias de crise na cúpula da Defesa Social, que teriam resultado, entre outras coisas, na substituição do comandante-geral da Polícia Militar. É um equívoco. Há três meses, o coronel Renato Vieira disse ao governador que estaria completando 30 anos de farda em fevereiro e que gostaria de ir para a reserva por uma série de fatores, a começar pelo fato de que já ficou oito anos no comando do policiamento da capital, oito meses na chefia do Estado Maior e os últimos três anos no comando-geral. Essa é a hora. Não há crise na PM, que conta, hoje, com uma tropa cuja progressão profissional está assegurada: soldado tem que ter terceiro grau e começa recebendo R$ 2.320; já estão aprovados em lei reajustes que elevarão o salário mínimo para R$ 4.500, em três anos, e candidato a oficial só entra no disputadíssimo vestibular da Academia se for bacharel em Direito. Quanto às saídas de Lafayette Andrada e Genilson Zeferino, estão mais ou menos explicadas por muitos motivos, mas, especialmente, porque eles não se falam. Então, como é que vão comandar? Há uma outra falta grave pela qual o governador ficou muito decepcionado com Zeferino. E, além disso, há a bendita integração com a Polícia Civil. Essa é a missão quase impossível que só continuou 'esperança' no governo Aécio Neves porque, no momento mais crítico, ele colocou na cadeira de secretário o próprio Anastasia, à época vice-governador. Se Anastasia preservar o sonho, deve colocar lá alguém que use a caneta dele, governador. Simplesmente porque alguns pecados humanos cercam as duas corporações: vaidades, ciúmes, apreço pelo poder. Então, nesses tempos cheios de "especialistas" em segurança, se quiserem um palpite do velho repórter façam logo a fusão... É. Acabem com uma das polícias, de forma que seus recursos humanos e materiais sejam absorvidos pela outra... É isso ou a gente vai continuar fingindo amizade. E quem fala isso é a mesma pessoa que dois, três anos atrás acreditava na irreversibilidade da integração. Esqueci-me de que tratávamos de humanos e, aí, não tem interesse público, cumprimento do dever ou sentido de sociedade que supere esse desejo incontido que a gente tem de querer ser mais forte, mais bonito, mais rico, mais famoso e mais respeitado. Sobretudo quando se tem carteira de autoridade e direito de andar armado.
Eduardo Costa escreve neste espaço às segundas, quartas e sextas-feiras.
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