terça-feira, 9 de outubro de 2012

PM apresenta medidas velhas para frear onda de assaltos


Além disso, polícia joga para população responsabilidade por proteção
Publicado no Super Notícia em 09/10/2012
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KARINA ALVES
FOTO: LEO FONTES
Um dia após a morte da atriz Cecília Bizzotto Pinto, 33, assassinada por um assaltante com um tiro no peito, dentro de casa, no bairro Santa Lúcia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, a Polícia Militar anunciou ações para tentar frear o crescimento do número de assaltos a residências (veja abaixo). O problema, segundo especialistas em segurança pública, é que não há nenhuma medida nova e nem previsão de aumento do efetivo. Além disso, a PM estaria jogando para a população a responsabilidade de se proteger.

Uma das ações é o reforço nas blitze. Para o especialista em segurança pública Luiz Flávio Sapori, a PM precisa dar uma resposta mais rápida aos crimes. "A polícia precisa estar mais presente nas ruas. O que temos visto é que ela se dedica a atividades diversas, mas não tem conseguido fazer o básico".

Outras medidas são o estímulo ao programa Rede de Vizinhos Protegidos e um treinamento da população para lidar com estranhos na vizinhança e para saber a melhor maneira de instalar equipamentos particulares de segurança. "Essas são formas de dividir a responsabilidade com a população, que não são bem aceitas", diz o sociólogo do Centro Universitário Newton Paiva Carlos Augusto Magalhães.

Estatísticas. A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) negou que haja uma onda de assaltos e disse que houve redução de 22% nos casos, na comparação dos nove primeiros meses de 2012 com o mesmo período do ano passado - foram 215 registros contra 276.

Mas os casos estão cada vez mais comuns. Segundo uma fonte da polícia, a região Centro-Sul registra uma média de dois assaltos por dia - a PM nega. No dia em que Cecília foi morta, uma família no Belvedere foi feita refém em um assalto. Na última sexta, um empresário de Santa Luzia, na região metropolitana, foi morto também durante um assalto. Em uma semana, ao menos duas casas no São Bento foram alvo de criminosos.

"Somos reféns de bandidos há tempos. Só no meu prédio, mais de 30 pessoas foram assaltadas. Não há nenhum tipo de policiamento no bairro. Saímos e retornamos para casa sempre com medo", disse Lívia Abreu, moradora do Santa Lúcia.
Irmão se ofereceu para ir ao banco
Antes de ter a irmã assassinada por assaltantes, Marcelo Bizzotto, 29, que também estava na casa com a namorada, chegou a se oferecer para entregar dinheiro aos criminosos. A informação é de uma tia de Cecília, a comerciante de obras de arte Flávia Bizzotto.

"Ele disse que iria até um caixa eletrônico e sacaria a quantia que fosse necessária. Mas os bandidos disseram que não queriam qualquer R$ 500 e insistiram em um cofre que não temos dentro da casa. É revoltante saber disso", disse a marchand.

Velório. "Aqui não tem tubarão!". O grito de guerra usado com frequência pela atriz Cecília Bizzotto para ensinar os alunos a não terem medo de nada foi usado ontem por eles para homenagear a professora de artes cênicas. Cecília foi velada e enterrada ontem, no Cemitério do Bonfim, Noroeste de Belo Horizonte, sob gritos de protesto e pedidos de justiça. Cerca de mil pessoas estiveram no local.

Segurando a foto da mãe e um bloco de anotações amarelo, o filho da atriz, Artur Bizzotto, 12, chegou ontem de Paris, na França, onde mora com o pai, e passou a maior parte do velório na companhia dos avós maternos, Jeferson Pinto e Cláudia Bizzotto, que o trouxeram do exterior. Ele emocionou familiares ao escrever mensagens de carinho no caderno, o último presente dado pela mãe, no mês passado.

O marido de Cecília não participou do enterro. Os dois eram recém-casados e ele retornaria nesta semana de uma viagem à Venezuela - até a tarde de ontem, a família não havia conseguido localizá-lo. (LS)

Clima de despedida e festa toma conta da Câmara de BH



Um dia depois da votação, vereadores derrotados lamentavam no plenário a perda da vaga, enquanto os eleitos comemoravam o resultado das urnas

Publicação: 09/10/2012 07:03 Atualização:
Reeleitos domingo, os vereadores Iran Barbosa (de barba) e Gunda (de azul) conversam com Maria Lúcia Scarpelli e Márcio Almeida, que vão deixar a Casa a partir de janeiro  ((Leandro Couri/EM/D.A Press))
Reeleitos domingo, os vereadores Iran Barbosa (de barba) e Gunda (de azul) conversam com Maria Lúcia Scarpelli e Márcio Almeida, que vão deixar a Casa a partir de janeiro
Um dia depois dos resultados nas urnas, predominou na Câmara Municipal de Belo Horizonte o clima de despedida para alguns, apesar de os vereadores eleitos no domingo só assumirem as vagas no ano que vem, e de festa para outros. Entre apertos de mão, abraços e cochichos, não foi difícil distinguir na sessão de ontem os vereadores que perderam – mais cabisbaixos e quietos – dos que venceram as eleições – sorridentes, agitados e falantes. Entre os discursos em plenário e nas conversas nos corredores, os parlamentares tentavam achar justificativas para a renovação recorde na Casa. Apenas 19 dos 41 vereadores foram reeleitos.

De ressaca da campanha, marcaram presença ontem na Casa 27 parlamentares. O segundo vereador mais votado, Arnaldo Godoy (PT), abriu os discursos. Além de agradecer aos eleitores, ele fez um balanço da campanha do PT à prefeitura. “A gente pode tirar da derrota a unificação do partido”, ressaltou. Para Godoy, os escândalos envolvendo a Câmara de Belo Horizonte, além da imagem ruim que as pessoas têm da política e dos políticos, foram os motivos que impediram a reeleição de tantos parlamentares na Casa.

A vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), que não volta ano que vem, disse ter ficado surpresa com o resultado. “Eu não esperava, pelo tanto que eu fiz, pelas lutas que enfrentei”, ressaltou. Maria Lúcia criticou os ataques que disse ter sofrido na internet. Com quatro mandatos, ela afirmou ontem que não volta a disputar uma eleição. “Estou com sentimento de dever cumprido”, ressaltou. A vereadora atuava na Câmara na área de direito do consumidor. Ela está na lista de acusados pelo Ministério Público de Minas Gerais de receber propina para aprovar em 2008 o projeto de lei que autorizava a ampliação da área de construção do Boulevard Shopping, na Região Leste.

A parlamentar, além de lamentar a derrota, destacou durante discurso a baixa representatividade feminina que a Casa terá nos próximos quatro anos. Das cinco vereadoras, apenas Elaine Matozinhos (PTB) conseguiu votos suficientes para continuar no Legislativo belo-horizontino. Presidente do PTB, Elaine observou “que é um momento de reflexão de todos os partidos estudar como encaminhar a questão da mulher na política”.

Apenas três derrotados usaram o microfone ontem. Além de Maria Lúcia, lamentaram a derrota os vereadores Geraldo Félix (PMDB) – que está no seu quinto mandato – e Sílvia Helena (PPS), que também criticou a redução da bancada feminina. Já o peemedebista justificou sua derrota com a aliança feita entre PMDB e PT. O PMDB teve a bancada reduzida de quatro para um – apenas o vereador Iran Barbosa foi reeleito. “Já era prevista a nossa derrota. Se não tivéssemos coligado com o PT, teríamos feito de três a quatro vereadores”, chorou.

Nos corredores, teve vereador que chegou a colocar a culpa da renovação na Mesa Diretora da Casa. No centro dela, está o presidente, vereador Léo Burguês (PSDB), alvo de ataques e críticas, principalmente nas redes sociais. O projeto de aumento do salário dos parlamentares também foi apontado como motivo da derrota de 22 deles. Para Léo Burguês, que venceu o pleito, “foi feita a vontade da população”. Sem clima, nada foi votado ontem no plenário.