Mulher que foi baleada durante fuga de assaltantes que invadiram a Galeria do Ouvidor recebe alta
Publicação: 02/02/2013 06:00 Atualização: 02/02/2013 06:13
Rosângela, ao lado do marido, Wagner, deixou a UTI: ferida há 10 dias no Centro |
“É um milagre ela estar viva”, desabafa Wagner. Segundo o marido, o projétil passou a milímetros da coluna, deixando-a com dificuldades para movimentar a perna direita. O corte da cirurgia mede cerca de dois palmos de comprimento, atravessando a barriga, da virilha ao primeiro osso abaixo dos seios. Diante da possibilidade de sequelas, a família estuda ajuizar medida cautelar contra o Estado, pedindo ajuda para custear o restante do tratamento e a possível reabilitação. “Não importa saber de onde veio. O absurdo é ela ser vítima de bala perdida em pleno Centro, no meio de cerca de 400 pessoas. Podia ser qualquer um de nós”, protesta Wagner. Segundo ele, o boletim de ocorrência registra que o tiro partiu da arma de um policial, reagindo à ação do assaltante – o que ainda está em apuração.
Como estava de costas, Rosângela não viu quem deu o tiro – se um dos três assaltantes das Lojas Itapoã, no mesmo quarteirão, ou se um policial. “Não vi quem era e imediatamente despenquei. O sangue voou longe. Gritei sem parar: ‘Socorro, tomei um tiro!’”, conta ela, que foi socorrida por uma moça chamada Renata. “Aí, eu vim para o hospital o tempo todo orando para Deus me livrar do perigo”, relata ela, serena.
Rosângela não pretende mudar a rotina depois que sair do hospital. “Mudar como? Já não sou de ir a festa, boate, locais de maior risco. Minha vida é só trabalhar, ir a um aniversário e fazer minhas comprinhas na rua. Minha rotina já é básica”, comenta a vítima, que manifesta preocupação apenas com o filho adolescente. “Aliás, passou da hora de ele chegar em casa. Você já ligou para ver se está tudo bem?”, diz Rosângela, mãe coruja, interpelando o marido.
Dois foram presos
Dos três acusados de participar do assalto, dois foram detidos: Walisson Braz, de 23 anos, e o menor F.J.M.F., 16. Uma arma foi recolhida com eles. Segundo a polícia, os criminosos invadiram a loja de calçados, mas uma pessoa conseguiu pedir ajuda a um militar da cavalaria. Eles teriam sido reconhecidos também como assaltantes de uma joalheria na mesma região. Um PM à paisana perseguiu o suspeito até prendê-lo. De acordo com testemunhas, o disparo foi feito por um policial. Segundo o casal, o filho adolescente está revoltado com o que ocorreu e se nega a tocar no assunto. “Ele fica pedindo para a gente não falar mais sobre o acidente, como se quisesse apagar da memória o dia em que a mãe levou um tiro. Como se fosse simples passar uma borracha. No entanto, temos de conseguir ajuda para a Rosângela. Essa bala não pode ficar repercutindo na gente a vida toda”, diz.