segunda-feira, 19 de março de 2012

PT elege maioria de delegados pró-aliança, mas há divisão


Aliancistas somam quase 300 nomes, mas presença do PSDB não é consenso
Publicado no Jornal OTEMPO em 19/03/2012
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DANIEL LEITE
O PT de Belo Horizonte escolheu, ontem, os 500 delegados que irão decidir os rumos do partido no pleito deste ano. Do total de eleitos, 59,57% são favoráveis à aliança pela reeleição do prefeito Marcio Lacerda (PSB). O restante é alinhado com a tese de candidatura própria.
Apesar da larga vantagem, os representantes que apoiam a aliança ainda estão divididos entre os que defendem a coligação sem a participação formal do PSDB e os que aceitam fazer campanha ao lado dos tucanos, como aconteceu em 2008. De acordo com a executiva municipal, não é possível saber a proporção de cada grupo.
"O resultado mostrou um equilíbrio entre as posições e o desejo do partido em dar um salto programático na aliança", afirmou o deputado estadual André Quintão, que defende a aliança sem a presença dos tucanos. Com isso, a definição sobre os rumos da sigla nas eleições de outubro ficará, mesmo, para o próximo domingo, quando os 500 delegados eleitos ontem vão escolher entre a candidatura própria e o apoio a Lacerda.
Pouco mais de 4.300 dos 7.300 filiados aptos a votar compareceram às urnas ontem. Pela manhã, as alas adversárias evitaram se encontrar na sede do diretório municipal. Conforme anteciparam à reportagem de O TEMPO, no sábado, simpatizantes da reedição da aliança programaram a chegada ao local de votação depois que os favoráveis à candidatura própria já tivessem votado, para não tirar o "protagonismo do grupo do Roberto", afirmou um petista apoiador da coligação, em uma referência ao vice-prefeito Roberto Carvalho, defensor de candidatura própria.
Pelas declarações das figuras mais influentes do PT, a composição com tucanos e socialistas deve sair vencedora. "Essa experiência (da coligação) deu certo. Não vejo porque mudar", afirmou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Em 2008, quando era prefeito da capital, ele foi protagonista, ao lado do então governador Aécio Neves (PSDB), da eleição de Lacerda.
Frustração. Durante os dias que antecederam a eleição dos delegados, o vice-prefeito Roberto Carvalho era o líder petista mais otimista em relação ao resultado. Ainda ontem, no início da manhã, ele reafirmou que a votação surpreenderia, acreditando na possibilidade de o partido eleger a maioria dos delegados que apoiam o lançamento de um nome petista para concorrer à prefeitura. Mas a expectativa acabou não se confirmando.
Na apuração do resultado, a cada número divulgado referente às  16 chapas que concorreram, vaias e aplausos se misturaram. Ao final, os defensores de aliança comemoraram mais alto.
Votação
Pontos. A eleição dos 500 delegados petistas foi realizada em 19 pontos espalhados pela capital. Cerca de oitenta pessoas atuaram no processo, entre fiscais e mesários. A votação aconteceu em cédula de papel.
Resultado
Votos. 4.373 votos válidos foram computados. Outros 63 não foram validados. Nulos, foram 0,92%, e brancos, 0,5%.
Apoio. As cinco chapas com o maior número de votos apoiam uma aliança do PT com o PSB, independentemente de aceitarem ou não a participação do PSDB.
Ranking. A que obteve o maior número de delegados foi a "Construindo a unidade BH - Venda Nova", com 53, seguida pela "Articulação Repactuar para BH avançar", com 48.
Cálculos. Como a eleição é proporcional ao número de votos que cada chapa teve, o total de delegados eleitos ficou em 492,9, e não em 500. Agora, as chapas vencedoras dividirão os 7,1 restantes, o que, no entanto, não irá influenciar o cômputo final.
Decisão. O resultado da votação sinaliza qual deve ser a decisão do diretório municipal petista no próximo dia 25, quando os 500 delegados eleitos vão decidir, durante o encontro da sigla, os rumos do PT em outubro: se apoiam ou não a aliança com Marcio Lacerda.
FOTO: LÉO FONTES
Militantes acompanharam a apuração voto a voto na sede do PT
FUTURO
Escolha de vice ainda é incerta
Mesmo com a vantagem do grupo favorável à reedição da aliança com o PSB, o resultado da eleição dos delegados do PT foi, na verdade, encarado como uma mostra da força do grupo do vice-prefeito Roberto Carvalho.
Dessa forma, ele teria, na linguagem da política, "cacife" para tentar um acordo na indicação do vice do PT na coligação com o PSB. Essa prerrogativa da indicação foi tratada entre petistas e socialistas como um dos pontos mais importantes para que estejam juntos na campanha.
Um deputado petista disse que os números finais da votação dos delegados demonstram ser necessário conversar com a ala de Carvalho. "Ele vai ter muita força na hora que o partido for escolher o vice", disse, sob condição de anonimato.
A atuação de Carvalho na vice-prefeitura desagrada a muitos petistas em função de sua insistência para o partido lançar candidato próprio. Até mesmo o prefeito Marcio Lacerda (PSB) deixou claro, nos últimos meses, sua insatisfação em relação ao segundo nome na hierarquia da administração municipal. Lacerda insinuou inúmeras vezes que seu vice estaria utilizando a prefeitura para fazer política em favor próprio.
Nessa perspectiva, o nome de Roberto Carvalho está descartado tanto por Lacerda quanto pelo próprio PT. O ex-ministro Patrus Ananias diz ser importante um nome "que, efetivamente, traduza esses compromissos e essas prioridades sociais" do partido, sem dizer, no entanto, quem seria essa pessoa. (DL)
Com 40% dos votos, Carvalho diz que o jogo não terminou
Apesar de a eleição dos delegados indicar uma tendência à reedição da aliança com o PSB, o vice-prefeito Roberto Carvalho diz que o "jogo não terminou" e que tentará conversar com, ao menos, duas chapas que apoiam a aliança mas não aceitam subir no mesmo palanque dos tucanos.
Pelas contas preliminares de militantes do PT, caso consiga convencer os grupos contrários à aliança com o PSDB, o número de delegados afetos à coligação apenas com os socialistas seria de mais de 280, quantidade suficiente para derrubar a tese de reeditar o grupo de 2008.
Segundo Carvalho, a votação dos delegados "não determina, de forma automática, o resultado final". "Foi uma vitória petista", disse o vice-prefeito, para quem os números mostraram que a tese da candidatura própria é forte. (DL)

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