sexta-feira, 13 de abril de 2012

Troca de tubos de ar em hospital do DF pode ter matado 13 pesssoas


Segundo denúncia de enfermeiros e médicos do Hospital Regional de Santa Maria, durante reforma no local houve confusão entre ar comprimido e oxigênio

Mara Puljiz - Correio Braziliense
Braitner Moreira - Correio Braziliense
Publicação: 13/04/2012 07:27 Atualização: 13/04/2012 07:45
Brasília – Pelo menos 13 pacientes que ocuparam o leito 19 da UTI do Hospital Regional de Santa Maria, cidade-satélite de Brasília, podem ter morrido por causa de uma troca de tubulação, entre julho do ano passado e janeiro deste ano. A denúncia foi feita por um enfermeiro e quatro médicos da unidade de saúde. “Por causa dessa reforma irresponsável, colocaram ar comprimido no lugar do oxigênio”, afirmou Ivan Rodrigues, ex-diretor administrativo do hospital, exonerado ontem. Por meio de assessoria de imprensa, a Secretaria de Saúde de Santa Maria informou que as obras, necessárias, foram realizadas com o auxílio de técnicos.

O ex-diretor do hospital de Santa Maria garante ter tentado entregar pessoalmente a um gestor da Secretaria de Saúde os relatórios que confirmavam as 13 mortes. “Responderam me dizendo que não iam receber a documentação porque não tinha valor algum”, denunciou. A mudança na estrutura teria começado a ser realizada em 6 de julho, mas a relação entre a reforma e as mortes só foram percebidas em janeiro. No fim daquele mês, o leito acabou bloqueado após a constatação da falha. O quarto segue interditado.

O secretário adjunto de Saúde, Elias Fernando Miziara, afirmou ter conhecimento de cinco mortes ocorridas no leito. “Solicitamos que a direção do hospital apurasse se as mortes ocorreram por causa da troca dos gases ou se aqueles já eram pacientes em estado grave. Também queríamos saber se existiam outras pessoas internadas naquele leito. A resposta é que nada ocorreu aos outros pacientes e a equipe médica avaliou que aqueles que morreram já estavam em estado grave”, explicou.

O problema foi percebido por um enfermeiro, no início do ano. “Os pacientes começavam a saturar e depois morriam, sem conseguir estabilização. Só depois um enfermeiro constatou que a tubulação estava trocada”, relatou Rodrigues, que hoje deve procurar uma comissão de direitos humanos e o Ministério Público para protocolar a denúncia. O ex-diretor da unidade afirma que passou a receber ameaças de morte após a revelação do caso, mas garante estar com a consciência limpa.

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