sexta-feira, 11 de maio de 2012

Helicóptero policial que caiu em Goiás passou por revisão irregular Segundo Anac, empresa de manutenção teve atividades suspensas antes de prestar o serviço devido a problemas nas instalações e equipamentos


Publicação: 11/05/2012 07:38 Atualização: 11/05/2012 08:14
O acusado Aparecido Alves, de 22 anos, acompanhado de policiais, embarca em um helicoptero momentos antes de sua queda, em Goias (BENEDITO BRAGA/JORNAL HOJE/AE GO )
O acusado Aparecido Alves, de 22 anos, acompanhado de policiais, embarca em um helicoptero momentos antes de sua queda, em Goias

Brasília –
 A empresa que havia feito a inspeção do helicóptero que caiu próximo ao município de Piranhas na terça-feira, e resultou na morte de oito pessoas, estava com suas atividades suspensas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) desde 2 de maio. Uma auditoria especial realizada pela agência apontou diversas irregularidades, como armazenamento inadequado de peças e equipamentos e ferramentas não autorizadas. O helicóptero havia sido vistoriado pela Fênix Manutenção e Recuperação de Aeronaves Ltda. entre os dias 4 e 7. A queda da aeronave matou cinco delegados, dois peritos, além do suspeito de ter cometido sete assassinatos em uma fazenda em Doverlândia, em 28 de abril.

Segundo a Anac, caso fique comprovado que a empresa de fato prestou serviços enquanto sua licença estava suspensa, será aberto um processo administrativo que pode culminar em multas ou até na cassação da autorização para prestar o serviço. As irregularidades encontradas foram: as condições de instalação da empresa, alojamento inadequado de peças e equipamentos, identificação e rastreabilidade, além de ferramentas não certificadas e calibragens vencidas. Também foram identificados mecânicos sem habilitação.

Segundo o delegado Alexandre Lourenço, que acompanha as investigações da queda do helicóptero, o relatório preliminar com os motivos do acidente deve ficar pronto em 30 dias. Ontem, foi concluído o recolhimento das peças, que foram enviadas para o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), em Brasília, e podem ser mandadas também para São José dos Campos (SP), para serem analisadas nos laboratórios do centro.

Segundo o delegado, um representante da empresa negou que as irregularidades encontradas pudessem ter alguma relação com o acidente. Ele destacou ainda que a polícia tomou as precauções necessárias nesses casos. “A empresa foi escolhida por processo licitatório e a regularidade técnica estava constatada pela Anac”, argumentou. O Estado de Minas tentou entrar em contato com a empresa, mas as ligações não foram atendidas.

Investigações A delegada-geral da Polícia Civil de Goiás determinou quem serão os responsáveis pelas investigações da chacina a partir de agora. Os delegados Giovanni Colodeti e Ronaldo Pinto Leite, do município de Iporá (GO), vão cuidar do caso. Eles são da mesma delegacia de Vinícius Batista da Silva, sepultado na quarta-feira, que era o responsável pelo inquérito.

Ontem foi identificado o corpo de mais um delegado que estava no helicóptero. O velório está marcado para às 9h de hoje, com sepultamento previsto para às 13h. Os outros corpos ainda não foram identificados devido ao estado que foram encontrados. Eles precisarão passar por testes de DNA e identificação de arcada dentária e, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil de Goiás, o Instituto Médico Legal deve levar entre quatro e seis dias para identificar todos os corpos.


Sigilo será quebrado

Com a morte do assassino confesso e do delegado que investigava a chacina ocorrida há 12 dias, a Polícia Civil aposta agora na quebra do sigilo telefônico dos envolvidos para desvendar o crime. Aparecido Souza Alves, que confessou ter matado as vítimas com uma faca, e o delegado Vinícius Batista da Silva, responsável pelo inquérito, morreram na queda do helicóptero. Até o acidente, as investigações baseavam-se nos depoimentos de Alves, que deu diferentes versões para o crime e envolveu outras seis pessoas. Três continuam presas preventivamente. “Não há como negar que a morte de Aparecido traz alguns prejuízos. Era o principal ator, que fez as confissões e as reconstituições”, diz o delegado Norton Luiz Ferreira.

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