terça-feira, 9 de outubro de 2012

Clima de despedida e festa toma conta da Câmara de BH



Um dia depois da votação, vereadores derrotados lamentavam no plenário a perda da vaga, enquanto os eleitos comemoravam o resultado das urnas

Publicação: 09/10/2012 07:03 Atualização:
Reeleitos domingo, os vereadores Iran Barbosa (de barba) e Gunda (de azul) conversam com Maria Lúcia Scarpelli e Márcio Almeida, que vão deixar a Casa a partir de janeiro  ((Leandro Couri/EM/D.A Press))
Reeleitos domingo, os vereadores Iran Barbosa (de barba) e Gunda (de azul) conversam com Maria Lúcia Scarpelli e Márcio Almeida, que vão deixar a Casa a partir de janeiro
Um dia depois dos resultados nas urnas, predominou na Câmara Municipal de Belo Horizonte o clima de despedida para alguns, apesar de os vereadores eleitos no domingo só assumirem as vagas no ano que vem, e de festa para outros. Entre apertos de mão, abraços e cochichos, não foi difícil distinguir na sessão de ontem os vereadores que perderam – mais cabisbaixos e quietos – dos que venceram as eleições – sorridentes, agitados e falantes. Entre os discursos em plenário e nas conversas nos corredores, os parlamentares tentavam achar justificativas para a renovação recorde na Casa. Apenas 19 dos 41 vereadores foram reeleitos.

De ressaca da campanha, marcaram presença ontem na Casa 27 parlamentares. O segundo vereador mais votado, Arnaldo Godoy (PT), abriu os discursos. Além de agradecer aos eleitores, ele fez um balanço da campanha do PT à prefeitura. “A gente pode tirar da derrota a unificação do partido”, ressaltou. Para Godoy, os escândalos envolvendo a Câmara de Belo Horizonte, além da imagem ruim que as pessoas têm da política e dos políticos, foram os motivos que impediram a reeleição de tantos parlamentares na Casa.

A vereadora Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), que não volta ano que vem, disse ter ficado surpresa com o resultado. “Eu não esperava, pelo tanto que eu fiz, pelas lutas que enfrentei”, ressaltou. Maria Lúcia criticou os ataques que disse ter sofrido na internet. Com quatro mandatos, ela afirmou ontem que não volta a disputar uma eleição. “Estou com sentimento de dever cumprido”, ressaltou. A vereadora atuava na Câmara na área de direito do consumidor. Ela está na lista de acusados pelo Ministério Público de Minas Gerais de receber propina para aprovar em 2008 o projeto de lei que autorizava a ampliação da área de construção do Boulevard Shopping, na Região Leste.

A parlamentar, além de lamentar a derrota, destacou durante discurso a baixa representatividade feminina que a Casa terá nos próximos quatro anos. Das cinco vereadoras, apenas Elaine Matozinhos (PTB) conseguiu votos suficientes para continuar no Legislativo belo-horizontino. Presidente do PTB, Elaine observou “que é um momento de reflexão de todos os partidos estudar como encaminhar a questão da mulher na política”.

Apenas três derrotados usaram o microfone ontem. Além de Maria Lúcia, lamentaram a derrota os vereadores Geraldo Félix (PMDB) – que está no seu quinto mandato – e Sílvia Helena (PPS), que também criticou a redução da bancada feminina. Já o peemedebista justificou sua derrota com a aliança feita entre PMDB e PT. O PMDB teve a bancada reduzida de quatro para um – apenas o vereador Iran Barbosa foi reeleito. “Já era prevista a nossa derrota. Se não tivéssemos coligado com o PT, teríamos feito de três a quatro vereadores”, chorou.

Nos corredores, teve vereador que chegou a colocar a culpa da renovação na Mesa Diretora da Casa. No centro dela, está o presidente, vereador Léo Burguês (PSDB), alvo de ataques e críticas, principalmente nas redes sociais. O projeto de aumento do salário dos parlamentares também foi apontado como motivo da derrota de 22 deles. Para Léo Burguês, que venceu o pleito, “foi feita a vontade da população”. Sem clima, nada foi votado ontem no plenário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário