segunda-feira, 8 de abril de 2013

Água de boa qualidade valoriza imóveis na Grande BH, ao contrário da Pampulha


Lagoas da Região Metropolitana de BH e represas de todo o estado atraem cada vez mais interessados em investir ou viver com qualidade, enquanto Pampulha afugenta moradores

Publicação: 08/04/2013 06:00 Atualização: 08/04/2013 07:22
Vista parcial do lago de Furnas e do Balneário Escarpas do Lago, no municipio de Capitólio (Sul de Minas), que segue atraindo famílias e investidores do Brasil e do exterior ( (Lucas Matos/Divulgação - 2/1/07))
Vista parcial do lago de Furnas e do Balneário Escarpas do Lago, no municipio de Capitólio (Sul de Minas), que segue atraindo famílias e investidores do Brasil e do exterior
A água limpa é critério importante na valorização imobiliária. A proximidade de lagos e represas com águas limpas, além de transformar o visual e o clima, abrem possibilidades de lazer e práticas esportivas. O padrão se repete no mundo inteiro e, em Minas, não é diferente. Enquanto centenas de famílias deixam – ou tentam deixar – a Pampulha em virtude da deterioração de suas águas, a Lagoa dos Ingleses, em Nova Lima, e a Lagoa Santa, que dá nome ao município da Grande BH, têm, em seu entorno, os metros quadrados mais disputados da região. E quem já garantiu seu pedaço de terra junto à lagoa garante que não arreda o pé.

O gerente da imobiliária Big House, de Lagoa Santa, Éder Barreto, explica que, além da beleza da lagoa, a vizinhança conta com muitas facilidades, como a proximidade de comércio (supermercado, padaria, drogaria etc.), instituições de ensino e, principalmente, acesso fácil à capital. Diante desse cenário, atualmente, a empresa tem apenas um imóvel à venda nas proximidades da lagoa. O preço do bem-estar: entre R$ 3,5 mil e R$ 5 mil o metro quadrado. “É difícil achar quem venda. Quando se acha, é preciso desembolsar R$ 1 milhão ou mais por uma boa casa. Por isso muita gente prefere gastar menos ou ter menos trabalho, optando por uma unidade disponível em um condomínio fechado da cidade”, afirma Barreto.
Se a boa água da Lagoa Santa valoriza os imóveis ao seu redor, na Pampulha, dezenas de faixas indicam a venda ou aluguel das propriedades localizadas à beira da lagoa. O Estado de Minas percorreu os 17 quilômetros da orla e encontrou 20 casas disponíveis – fora as quase três dezenas de lotes abandonados. Na mesma situação está quase um terço das casas no trecho entre o acesso ao Mineirinho e o entroncamento com a Avenida Antônio Carlos, onde também é crítica a qualidade da água, que, segundo laudo do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), atingiu o pior nível de poluição desde o início das medições, com quase 85% das amostras contaminadas por esgoto doméstico. 

No entorno da Lagoa da Pampulha, imóveis à venda ou disponíveis para aluguel denunciam a má qualidade da água e outros problemas (Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
No entorno da Lagoa da Pampulha, imóveis à venda ou disponíveis para aluguel denunciam a má qualidade da água e outros problemas
É bom lembrar que três décadas atrás, os moradores da Pampulha conviviam diariamente com lanchas, caiaques e centenas de remadores, esquiadores e banhistas que aproveitaram o espelho d’água e valorizavam ainda mais a região planejada por Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek. Hoje, o que se vê são pneus, garrafas PET, cabos de vassouras, chinelos, sacolas plásticas e restos de entulho aos montes, transformando o local em um enorme lixão a céu aberto.

LAZER
Mesmo quando a distância da capital impede a fixação de residência no balneário, a terra em volta da represa se valoriza e atrai cada vez mais famílias de Belo Horizonte. É o que ocorre em Três Marias ou no Sul de Minas, onde a vastidão e o glamour da represa de Furnas – o maior lago artificial da América Latina – transformaram cidades pacatas como Capitólio em verdadeiros points, especialimente durante o verão e nos feriados prolongados.
 (Ramon Lisboa/EM/D.A Press 
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Assim como a já urbana Lagoa dos Ingleses, o lago de Furnas tem vocação especial para a prática de esportes aquáticos, um atrativo e tanto para interessados dos quatro cantos do país. “O diferencial? Tem água. Você praticamente tem um mar à disposição. Pode pegar sua lancha e ir a 30 cidades”, afirma o empresário Gilson Mundim, que, além de ter uma casa às margens da represa, há 10 anos investe na compra e venda de imóveis nos condomínios de Capitólio.

Nos feriados, são mais de 100 lanchas e barcos navegando pelas águas de Furnas. A possibilidade de desfrutar das águas atrai moradores aos montes, que investem pesado para conquistar um pedacinho da região. No Sul de Minas, além de disputar a terra em volta da represa com os paulistas, os mineiros ainda encontram a concorrência pesada dos estrangeiros que se encantam pelo lago. Segundo Mundim, japoneses, franceses e argentinos estão entre os investidores que buscam propriedade no local.

'Saímos da Pampulha na hora certa', diz a aposentada Júlia Becattini (Cristina Horta/EM/D.A Press)
"Saímos da Pampulha na hora certa", diz a aposentada Júlia Becattini
No condomínio Escarpas do Lago, os mais de 1,8 mil lotes têm casas que oscilam de R$ 500 mil a R$ 15 milhões, dependendo da distância da represa e do tamanho da construção, enquanto o preço médio do metro quadrado é R$ 10 mil. “São só três horas de carro. É uma distância pequena até uma casa de veraneio”, afirma o corretor de imóveis da região, Reginaldo Ricardo. 

ANÁLISE DA NOTÍCIA


Problema que cresce

Criada há sete décadas, a Pampulha passou de celeiro de fortunas a uma das regiões mais problemáticas de Belo Horizonte. Mas o que chama mais a atenção no local é a ineficácia das políticas que representariam alguma proteção à lagoa e aos córregos do entorno. Mau cheiro e doenças ligadas à precariedade do saneamento atingiram em cheio o que Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitschek planejaram como área nobre da capital. Além de prestígio, a região perde dinheiro, todos os anos, e a cidade deixa de explorar o que seria um eixo alternativo de desenvolvimento e concentração de negócios de primeira linha. Apesar dos esforços anunciados, no entanto, os resultados ainda são pífios e as pesquisas de qualidade da água mostram que, enquanto a solução não chega, o problema avança a passos largos. (PRF)

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