quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ladrões migram do tráfico de drogas


VIOLÊNCIA
Autoridades justificam que onda de roubos é resultado de repressão ao tráfico
Publicado no Super Notícia em 08/05/2013
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JOANA SUAREZ


Se, por um lado, a população de Belo Horizonte vê crescer os crimes violentos contra o patrimônio (roubo e extorsão) nos últimos meses, os números de homicídios caíram no mesmo período. A repressão ao tráfico de drogas é uma das justificativas das polícias e da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) para a redução dos assassinatos e o aumento dos assaltos.

Especialistas, no entanto, criticam a migração e dizem que ela é causada por uma política de segurança equivocada, que priorizaria o combate a um tipo de crime em detrimento do outro.

Segundo dados da Seds, nos quatro primeiros meses do ano foram registradas 9.075 ocorrências de roubo e extorsão na capital. No mesmo período de 2012, foram 7.858 - a alta é de 15,4%. Já os homicídios, sempre associados ao tráfico de drogas pelas autoridades, caíram 23,5%. Neste ano, foram 211 mortes, contra 276 no primeiro quadrimestre de 2012.

O titular da Seds, Rômulo Ferraz, disse, em entrevista ao Super na última segunda-feira, que o crescimento dos assaltos ocorreu após intensificação do combate ao comércio de entorpecentes.

"A repressão ao comércio e à plantação de drogas tem motivado essa migração de crimes", disse. A média de roubos na capital em abril foi de 3,5 crimes por hora. O chefe do 1º Departamento da Polícia Civil da capital, Anderson Alcântara, confirma a migração. "Apertamos o cerco ao tráfico e alguns infratores envolvidos com esse crime migraram". A opinião é compartilhada pela coronel Cláudia Romualdo, comandante do policiamento da capital. "Uma das explicações para o aumento do crime violento contra o patrimônio é a atuação das polícias na repressão ao tráfico. Se não está dando lucro vendendo droga, vai tentar outra forma".

Para o sociólogo e especialista em segurança pública Robson Sávio, as polícias atuam depois que o problema se instala. "Monta-se uma força-tarefa para controlar os indicadores, enquanto o certo seria investir em políticas de prevenção e em investigação, por exemplo". 

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