domingo, 19 de fevereiro de 2012

Advogado é preso após ameaça a promotoras em Belo Horizonte


Revoltado com separação, suspeito teria pichado carro de uma das vítimas e é acusado de tramar até contra delegada

Paulo Henrique Lobato - Estado de Minas
Publicação: 19/02/2012 07:28 Atualização: 19/02/2012 07:49
Promotora que atua na defesa de mulheres teria sido alvo da fúria do investigado por ter conduzido denúncia de violência doméstica (Maria Tereza Correia/EM/DA Press)
Promotora que atua na defesa de mulheres teria sido alvo da fúria do investigado por ter conduzido denúncia de violência doméstica



A Polícia Civil prendeu o advogado Marco Antônio Garcia de Pinho, de 41 anos, investigado pela suspeita de ameaçar a promotora Laís Maria Costa Silveira, em setembro de 2011, quando o carro dela foi pichado com cruzes e a frase “vadias, a morte sempre está por perto”. Ele foi detido na noite de sexta-feira, em casa, onde os agentes que cumpriram os mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão encontraram uma agenda com os nomes de quatro mulheres: o da própria promotora, o da ex-esposa do acusado, o da cunhada dele, Lorenza Silva e o da delegada Tânia D’arc. A polícia não descarta a possibilidade de o homem, encaminhado ao Ceresp São Cristóvão, ter planejado ou até mesmo encomendado a morte delas.

“É a crônica da morte anunciada”, desabafou o promotor André Luiz Garcia de Pinho, irmão do suspeito, que também teria sofrido ameaças por telefone. A primeira apontada como vítima da raiva do suspeito é sua ex-mulher, também promotora em Belo Horizonte. O casal teve um desentendimento há dois anos e se separou litigiosamente. “Ele pediu que eu o apoiasse, mas me recusei, porque o Marco Antônio praticou violência contra ela. Há, inclusive, uma medida judicial que o proíbe de se aproximar da ex-esposa”, acrescentou o promotor.

Indignado com a ex-mulher, o advogado também teria dirigido sua revolta contra a promotora Laís, que teve o carro pichado e recebeu telefonemas anônimos. Para a polícia, ele acreditava que o processo de violência doméstica que respondeu na Justiça foi conduzido por Laís, pois ela é titular da Promotoria de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar. Por estar chateado com o irmão, que não o apoiou na ação, Marco Antônio também é acusado de ameaçar na cunhada, Lorenza, que também conseguiu na Justiça medida protetiva para manter o suspeito distante.

“A partir daí, foi só ameaça em cima de ameaça. Até culminar com um fato que significa extorsão: há alguns dias, dois motoqueiros pegaram minha esposa e apertaram o seu pescoço até que ela desmaiasse. Disseram que, se não retirasse o processo contra meu irmão, o próximo aviso seria à bala”, afirmou o promotor. As atitudes de Marco Antônio levaram a Polícia Civil a instaurar inquérito e a pedir ao Judiciário o mandado de prisão preventiva. O nome da delegada Tânia D’Arc, chefe do 1º departamento, teria aparecido na agenda em razão do inquérito.

A equipe responsável pela investigação se encontrou ontem com o promotor. Segundo André, o irmão deixou sua “assinatura” na agenda, pois nela havia o desenho de cruzes semelhantes aos desenhos pichados no carro da promotora Laís. Ela e Lorenza, a mulher do promotor, estavam juntas na noite em que o carro da primeira foi alvo de jatos de spray. André acrescenta que os desenhos foram feitos nas páginas que representam datas em que ele e as mulheres teriam recebido telefonemas anônimos.

A polícia não sabe ainda se o suspeito teria encomendado a morte das mulheres, mas, segundo uma fonte que prefere não se identificar, há a possibilidade de as autoridades responsáveis pelo caso oferecerem ao advogado o benefício da delação premiada para que ele esclareça esse ponto.

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