segunda-feira, 7 de maio de 2012

Ex-pastor da Igreja Mundial do Poder de Deus revela sujeira da igreja Dissidente


da Igreja Mundial relata como foi orientado a distorcer trechos da 

“Bíblia” para aumentar a coleta de dinheiro dos fiéis
Por Victor Ferreira, na Revista Época
A Igreja Mundial do Poder de Deus é
tida como a igreja neopentecostal que mais cresce no Brasil. Tem mais
de 2.300 templos e ocupa quase toda a programação da Rede 21, além de
horários em outros canais. Quando foi fundada pelo apóstolo Valdemiro
Santiago, em 1998, o então motorista de caminhão Givanildo de Souza
começava a trabalhar em Sorocaba, no interior de São Paulo. Entusiasmado
com as promessas de cura, enriquecimento e ressurreição, ele resolveu
trocar o caminhão pelos templos. Virou discípulo de Valdemiro e obreiro
da Mundial. Para provar sua proximidade com Valdemiro, Givanildo exibe
fotos de sua família com a de Valdemiro, todos em trajes de lazer.
A dedicação ao altar lhe rendeu promoções. Givanildo passou por
várias cidades até ser transferido para Araçatuba, a 525 quilômetros da
capital paulista. Lá ficou responsável por 14 igrejas. Como pastor
regional, chefiava os colegas e respondia pelo dinheiro arrecadado.
Semanalmente, diz, enviava para a sede os montantes recolhidos. O
vínculo com a Mundial durou até julho deste ano. Depois de se declarar
descontente, Givanildo decidiu sair e agora faz acusações contra a
Mundial. Ele afirma que era orientado a distorcer trechos da Bíblia para
aumentar a arrecadação com os fiéis. É a primeira vez que um dissidente
da Mundial dá um depoimento assim.
Representantes da igreja foram procurados para comentar, mas não
quiseram responder. A seguir, suas principais afirmações sobre o
funcionamento da Mundial.
A pressão por arrecadação
Os líderes da Igreja Mundial, segundo Givanildo, estabelecem metas
financeiras a seus subordinados e cobram resultados. “Se eu não dobrasse
o valor, ia ser mandado embora com minha família e tudo”, diz.
Givanildo conta que, um pouco antes de deixar a Mundial, despachava para
a sede cerca de R$ 300 mil por mês, oriundos do bolso dos fiéis.
“Depositava na conta da igreja. Às vezes, pediam para levar em mãos.”
A pressão por arrecadação e as técnicas para extrair dinheiro de
fiéis, segundo ele, eram ditadas pelo bispo Josivaldo Batista, o segundo
homem da Mundial. Josivaldo, diz, lidera a segunda parte dos encontros
periódicos de pastores para falar de crescimento financeiro. “A primeira
parte da reunião é televisionada. Depois que desligam tudo, o bispo
Josivaldo começa a falar: ‘O negócio é o seguinte, se não crescer, vamos
fazer umas trocas aí. Vamos botar os pastores lá no fundão do Nordeste,
no meio do mato’.”
O uso da Bíblia
Givanildo diz que, nas reuniões, Josivaldo também mostra como usar
trechos da Bíblia para aumentar a arrecadação. “Houve uma campanha feita
em cima de Isaías 61:7, sobre a dupla honra. Aí surgiu a proposta de pedir 30% do salário da pessoa.”
Esse versículo diz o seguinte: “Em lugar da vossa vergonha tereis dupla
honra; (…) por isso na sua terra possuirão o dobro e terão perpétua
alegria”. Segundo Givanildo, os pastores passaram a pregar que para
obter a “dupla honra” era necessário “dobrar” o dízimo e dar mais 10% do
salário como oferta. Total: 30%. O “trízimo” ficou conhecido como uma
inovação introduzida pela igreja de Valdemiro.
Outra orientação comum, diz Givanildo, é fazer associações simplórias
entre números citados em textos sagrados e metas de ofertas. Num trecho
bíblico que descreve uma batalha está dito que 7 mil guerreiros “não se
dobraram a Baal”. É o que basta para uma associação. Depois de reler
essa frase aos fiéis, os pastores passam a pedir doações de 7 mil
pessoas, insinuando que se trata de uma determinação bíblica.
A barganha pela água benta

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