sábado, 7 de julho de 2012

Sinais de trânsito de BH em alerta



Pouco pessoal e falta de comunicação de 24% dos semáforos com central de operações dificultam uso dos sinais para gerenciar trânsito em Belo Horizonte

Publicação: 07/07/2012 06:00 Atualização: 07/07/2012 07:13

carros parados em frente a Sinal vermelho na avenida afonso pena, no centro de BH: especialista diz que uso de semáforos para gerenciar trânsito ainda é deficiente no país (marcos michelin/em/d.a press)
carros parados em frente a Sinal vermelho na avenida afonso pena, no centro de BH: especialista diz que uso de semáforos para gerenciar trânsito ainda é deficiente no país
Os investimentos em tecnologia ainda não foram suficientes para permitir à BHTrans, empresa responsável por gerenciar o trânsito na capital, usar plenamente os semáforos como ferramenta de controle do tráfego. Embora o número de câmeras que transmitem imagens sobre o movimento de automóveis tenha mais que dobrado este ano e chegado a 75, problemas como o número de funcionários menor que o ideal e falta de interligação de um quarto dos 878 semáforos com a central de operações impedem a utilização mais efetiva dos sinais e a programação do tempo em que eles ficam fechados como estratégia para organizar o trânsito.

Apesar do aumento no número de câmeras, o total de agentes que fazem a leitura dos dados e as interferências nos semáforos é o mesmo. De dentro do Centro de Controle Operacional (CCO), no Bairro Buritis, Região Oeste da capital, 20 funcionários se revezam na função em dois turnos (entre as 6h e as 23h), mas segundo a própria supervisora da unidade, Gabriela Pereira Lopes, o quadro de pessoal precisaria ser reforçado em pelo menos 50%, chegando a 30. Segundo ela, com mais gente, seria possível processar a grande quantidade de informações mais rapidamente e reprogramar os sinais também em velocidade maior. 

A agilidade no controle do tempo dos semáforos evita formação de engarrafamentos e problemas de fluxo de trânsito como os que ocorreram na quarta-feira, dia da inauguração do prolongamento da Avenida Pedro II. No sentido bairro, houve momentos de retenção por conta de sinais instalados nos cruzamentos com uma marginal do Anel Rodoviário. O presidente da BHTrans, Ramon Cesar Victor, disse durante a inauguração que equipes de operação avaliariam em campo os tempos dos semáforos para fazer eventuais ajustes e “regularizar algum engarrafamento que possa ocorrer”.

Além da falta de pessoal, outro fator que dificulta a tarefa da BHTrans de garantir rapidez no controle dos semáforos é a falta de interligação de 24% dos equipamentos com a central de operações. “Belo Horizonte conta com 878 cruzamentos e locais de travessia com semáforos. Destes, 667 (76%) podem ser operados de dentro da central de operações na sede da empresa. Outros 211 (24%) só podem ser alterados no próprio local”, afirma Gabriela Pereira Lopes. 

Com a possibilidade de interferir no aparelho de dentro da central, Gabriela diz que é possível aumentar o tempo de verde em uma intercessão com retenções, modificar o momento de abertura dos sinais e alterar o chamado ciclo semafórico – tempo necessário para um sinal abrir, fechar e voltar a abrir. A supervisora da BHTrans informou que operadores também programam o tempo dos sinais de trânsito com base nas informações dos cerca de 230 agentes de campo da BHTrans que se revezam em três turnos pela cidade e por dados repassados pela população pelo telefone 156.

De acordo com o gerente de Semáforos da BHTrans, Antônio Celso Silva Medeiros, responsável pela implantação e manutenção dos equipamentos na capital, os 211 aparelhos ainda não foram interligados por falta de cabeamento de fibra ótica na cidade, atividade que é feita pela Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel). Ele explica que os aparelhos “não centralizados” estão em pontos fora da área central e dos principais corredores da cidade. Apesar disso, importantes vias da cidade ainda estão equipadas com esses semáforos, como Avenida Tereza Cristina, Rua Platina (Prado), Rua Francisco Deslandes (Anchieta) e Avenida Abílio Machado (Alípio de Melo). Diariamente, cinco funcionários são escalados para fazer ajustes nesses 211 aparelhos, dois pela manhã e três à tarde. 

Controle parcial 

Para o engenheiro Nilson Tadeu, chefe do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o sistema de controle dos semáforos em BH ainda precisa ser aperfeiçoado. “Apesar de ser uma tecnologia cara, o sistema de semáforos deve acompanhar o crescimento da cidade. Em Belo Horizonte, o controle ainda é parcial”, opina. “Os semáforos estão inseridos na gestão viária, mas ainda operam com muita deficiência, tanto na programação quanto na manutenção”, acrescenta. O baixo número de pessoal para manutenção dos equipamentos que entram em pane, que atualmente soma 10 funcionários, também é apontado pelo especialista como obstáculo para gerenciar com mais eficiência o trânsito.

Segundo a BHTrans, o número de câmeras de videomonitoramento deve chegar a 96 nos próximos meses, mas a abertura de concurso público para operadores só deve ocorrer a tempo para a Copa do Mundo de 2014, quando devem chegar a 40 por turno – 80 no total. A empresa sustenta que a tecnologia implantada para controle do trânsito está entre as mais avançadas e que há investimentos para modernização da central previstos. “Estamos sempre revendo nossa programação semafórica e modernizando nossos sistemas. Em 2006, finalizamos a implantação dos semáforos inteligentes (com sistema de controle em tempo real) da área central e implantamos laços (sensores) que fazem cálculos da quantidade de veículos na via e reorganizam os tempos semafóricos”, diz Gabriela Lopes. Os investimentos para o Mundial contemplam um novo prédio de 3 mil metros quadrados seis vezes maior do que o atual, novas câmeras e contratação de pessoal. 


Pare, siga


878 

é o número de semáforos instalados em BH


76% 

é o percentual de sinais interligados a uma central de operações

5

é a média diária de sinais que ficam intermitentes e fora de operação

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