domingo, 12 de agosto de 2012

Candidatos de primeira viagem enfrentam mais dificuldades Falta de recursos financeiros, de apoio e de estrutura são os problemas



Publicado no Jornal OTEMPO em 12/08/2012
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LUCAS PAVANELLI
FOTO: DIVULGACÃO
Lúcio Galvão tem dificuldade para conciliar o trabalho e a campanha
Se, por um lado, 95% dos atuais parlamentares de Belo Horizonte tentam se reeleger, a maioria dos candidatos a vereador na capital mineira sequer disputou uma eleição anteriormente. Dos 1.149 candidatos cujas candidaturas já foram aceitas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), 843 querem, já na primeira eleição que disputam, garantir uma cadeira no Legislativo municipal. Os candidatos de primeira viagem enfrentam dificuldades financeiras e falta de apoio, de tempo e de estrutura para divulgarem suas campanhas.

É o caso, por exemplo, de Lúcio Galvão (PHS), candidato em Contagem. Ele conta que, para driblar a falta de dinheiro, pesquisa onde gastar menos com material de propaganda. Outra dificuldade, para ele, é conciliar o trabalho com a candidatura. "Não dá para largar a empresa e ficar somente como candidato", afirmou.

A dificuldade em obter financiamento para a campanha é o principal obstáculo apontado por Marlon Neves (PPS). Em sua primeira prestação de contas ao TRE, figura um gasto de apenas R$ 810. O dinheiro, doado pelo pai, foi gasto com material de propaganda. "Por causa da dificuldade de obter recurso, os santinhos só ficaram prontos agora, um mês depois do início da propaganda eleitoral", lamentou. Como alternativa, Marlon utiliza as redes sociais e acompanha as caminhadas do candidato à prefeitura Durval Ângelo (PT) para divulgar seu nome. "Mas é difícil. O espaço é concorrido", afirmou.

Quem não tem ou não quer gastar seus próprios recursos, abusa da ferramenta mais antiga e gratuita de divulgação: o boca a boca. É a tática utilizada pelo candidato a vereador mais idoso da capital. Com 82 anos, Márcio Octávio Dias dos Santos (PSDB) disputa uma eleição pela primeira vez.

Em sua prestação de contas divulgada pelo TRE, um dado salta aos olhos. Márcio não gastou nenhum centavo com propaganda até o momento. "Não vou usar dinheiro meu em campanha e não quero financiamento de ninguém porque não quero ficar preso a ninguém. Minha divulgação é no boca a boca com gente que conheço", afirmou. Márcio conta que a experiência pode ajudar. "Fui diretor de clube e bancário, trabalhei durante 24 anos na área de transporte, fui conselheiro do Atlético e sou maçom", conta Márcio, que pede votos às pessoas mais próximas.



`Renovação nem sempre é sinônimo de qualidade´
Em 2008, a renovação da Câmara de Belo Horizonte bateu recorde e alcançou 40% das cadeiras. Ou seja, dos 41 parlamentares, 16 nunca tinham sido vereadores. Entretanto, a simples renovação não é sinal de que a legislatura será positiva, na opinião do cientista político da UFJF Paulo Roberto Leal.

"É impossível adiantar se renovar ou não renovar será bom. O que será bom ou mau é a forma pela qual os candidatos chegarão lá", explicou.

Na opinião do professor, os vícios no processo eleitoral acompanham grande parte dos candidatos, tanto os que querem assumir pela primeira vez quanto os candidatos à reeleição. "Um deles é que existem modos indiretos de comprar votos. Tem candidato que contrata gente para fazer boca de urna e só com os votos desses contratados, praticamente, garante sua eleição".

Uma solução para esse problema seria mudar o sistema eleitoral. "Nosso sistema é de voto aberto, ou seja, o eleitor vota diretamente em quem ele quer eleger. Outros países trabalham com a lista fechada, na qual o eleitor elege o partido. Se houvesse essa regra, possivelmente não teríamos os 29 partidos que temos. Poucas legendas de aluguel conseguiriam sobreviver". (LP)
Novato pode até sair com vantagem
Se a grande maioria dos candidatos a vereador que disputam a eleição primeira vez não tem qualquer tipo de apoio, há quem chegue com vantagem na disputa justamente por causa da influência de seus cabos eleitorais. São os "apadrinhados".

Um deles é Pedro Patrus (PT), filho do candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Patrus Ananias (PT). "Tem dois lados nessa história. Um é que se ele não fosse candidato, estaria mais próximo da minha campanha. Hoje meu pai apoia toda a base e não só minha candidatura. Outro é que as pessoas podem fazer a associação entre o nome dele e o meu", analisou Pedro. (LP)

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