quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Beleza de BH vai além dos ipês



Belo Horizonte tem clima e altitude favoráveis ao cultivo de várias espécies de plantas e elas aproveitam a primavera para enfeitar as ruas e hipnotizar quem passa por perto

Publicação: 27/09/2012 06:00 Atualização: 27/09/2012 06:36

Quem sobe a Avenida Afonso Pena, no trecho do Bairro Funcionários, fica encantado com as sucessivas sapucaias floridas  ( MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS)
Quem sobe a Avenida Afonso Pena, no trecho do Bairro Funcionários, fica encantado com as sucessivas sapucaias floridas
Nada contra os ipês, pelo contrário. Mas tanta beleza acaba ofuscando o brilho de outras árvores loucas para serem admiradas nas ruas e avenidas da capital mineira. A chegada da primavera deu um colorido especial a esse grande jardim chamado Belo Horizonte, que, além da árvore símbolo nacional, conta com espécies que ora cativam pela exuberância ora pela delicadeza. Bem pertinho dos ipês amarelos, roxos e rosados, reis absolutos da temporada, lá estão sibipirunas, jacarandás mimosos, sapucaias, espatódeas, todas enfeitadas de flores por todos os lados. Basta olhar ao seu redor.

Acompanhados da agrônoma e paisagista Cássia Lafetá, da Gerência de Áreas Verdes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, o Estado de Minas foi em busca das árvores que deixam a cidade mais bonita na estação das flores. A boa notícia é que, em Belo Horizonte, o visual florido não se limita apenas à primavera. “BH não tem muitas restrições para o cultivo de plantas por causa do clima e da altitude. Aqui temos espécies típicas de deserto, regiões equatoriais, cerrado e, com isso, há árvores com flor o ano inteiro”, comenta Cássia que, por acaso, tem nome de árvore.

Um exemplar de cássia amarela, espécie brasileira pouco comum em BH, exibe suas florzinhas no canteiro central da Avenida Agulhas Negras, no Bairro Mangabeiras, Região Centro-Sul. Amarela também é a cor da flor da sibipiruna, uma das mais presentes na capital. Com porte médio, ela pode ser facilmente encontrada pelo Centro da cidade, assim como as espatódeas, de origem africana, e as bauíneas ou pata de vaca – trazidas da Ásia e com flores brancas, rosas e roxas. Floridas em tom alaranjado, apesar de frequentes, as espatódeas já não são mais plantadas pela prefeitura. “O pólen é tóxico à fauna e o tronco quebra à toa”, explica Cássia.

As quaresmeiras, por outro lado, são uma das queridinhas da arborização urbana e, por isso, podem ser vistas por toda a parte, nas praças do Papa, da Savassi, entre outros endereços. As flores vão do branco ao roxo, dão charme à espécie de porte médio e florescem até três vezes por ano. Mas, com todo respeito às belas quaresmeiras, na Avenida Afonso Pena, esquina com Rua Professor Moraes, no Bairro Funcionários, as atenções estão todas voltadas para quatro exemplares de sapucaias, com folhas em tons rosados e flores roxas bem miúdas.

As copas exuberantes quebram a aridez e o cinza da metrópole, encantam a todos e ainda satisfazem os bichos. “A sapucaia é uma árvore de onde brota uma castanha e, por isso, é bastante procurada pela fauna. As folhas nascem num tom de rosa e depois vão ficando verdes”, conta Cássia. Além das sapucaias, os jacarandás mimosos também cultivam o poder de hipnotizar pela beleza. A árvore é originária da Bolívia e do Chile, mas pode ser facilmente encontrado pelas ruas da cidade, com flor roxa de tonalidade vibrante.

No Centro da cidade, o Viaduto de Santa Tereza se rendeu aos encantos de um exemplar do espécime totalmente florido e emoldura a árvore que trouxe mais delicadeza ao dia da técnica em segurança do trabalho Luciana Santos de Lima, de 31 anos. “As árvores são a prova de uma natureza resistente. Amo flores, mas infelizmente já dei mais flores do que recebi”, conta Luciana, feliz com as árvores floridas que a cidade lhe presenteou. O engenheiro químico Emanuel Martins, de 50, também está satisfeito com o que tem visto nas ruas. “Fico andando e olhando para cima. Adoro as árvores e seus cheiros. O Bairro de Lourdes, por exemplo, tem uma árvore que dá uma flor miúda que tem cheiro de adolescência”, conta.

Raras
Calístemo chama a atenção com suas flores penduradas ( MARIA TEREZA CORREIA/EM/D.A PRESS)
Calístemo chama a atenção com suas flores penduradas
Escondidos pelas calçadas e jardins da cidade também florescem árvores menos comuns. As espirradeiras rosa e branca fazem do asfalto das ruas do Bairro Belvedere, na Região Centro-Sul, um verdadeiro tapete de pétalas. As flores vermelhas que pendem do calístemo, de origem australiana, são a festa dos beija-flores. O emburuçu-vermelho exibe suas folhas vinho em tronco e galhos esculturais. Árvore ameaçada de extinção, o pau-brasil florido no Belvedere mostra a força do recomeço. No mesmo bairro também é avistado um guapuruvu exuberante, com flores amarelas e tronco monumental.

“Ao olhar para esse guapuruvu é possível ver a diferença de quando uma espécie tem liberdade para crescer, sem estar perto de fiação elétrica nem postes”, comenta Cássia, que define como “amor e ódio” a relação da população com as árvores. “Tem gente que acha ruim até se pétala cai no passeio”, conta a agrônoma, sem deixar de ressaltar que a importância das árvores não se reduz à beleza. “Elas trazem conforto ambiental, protegem da radiação, absorvem poluentes do ar, são abrigo para ave-fauna”, enumera. Sem dúvida, colírios para os olhos e remédios para o meio ambiente.


As 10 mais comuns

Iniciado há quase um ano, o inventário das árvores de Belo Horizonte, que vai identificar cada um dos cerca de 350 mil espécimes da capital, levantou as 10 espécies mais comuns na capital mineira. Ipês rosados, magnólias, quaresmeiras, ligustre, espatódeas, ficus, mangubas, escumilhas africanas, murtas e sibipirunas dominam a arborização na cidade, segundo o balanço parcial da pesquisa que já cadastrou 86.150 exemplares nas regiões Leste e Noroeste.allatus est nobis liber a dilecto filio Antonio Lilio, artium et medicinfilio Antonio Lilio.

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