sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Trombadas na rua levam três pessoas por dia ao HPS de BH.


Acredite: em média três pessoas são atendidas por dia no HPS por toparem contra outras, em objetos e até animais. Especialistas alertam que pressa e desatenção podem provocar acidentes graves

Publicação: 05/10/2012 06:00 Atualização: 05/10/2012 06:43
Na Praça Sete e travessias para pedestres nas avenidas Afonso Pena e Amazonas muitas pessoas andam sem prestar atenção e com pressa, e o resultado são muitas trombadas, o tempo todo (Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Na Praça Sete e travessias para pedestres nas avenidas Afonso Pena e Amazonas muitas pessoas andam sem prestar atenção e com pressa, e o resultado são muitas trombadas, o tempo todo
Patrícia Maria Gomes Mayrink Pinto, de 54 anos, é uma pessoa desastrada. Por várias vezes bateu a perna no pé da cama, nos móveis de casa ou do trabalho. O lugar preferido é a cozinha. “Vivo esbarrando e derrubando tudo.” Mas foi na rua, andando distraída, que ela correu o maior risco. Atravessando fora da faixa para pedestres na região hospitalar de Belo Horizonte, ela bateu de cara com uma senhora. A pancada foi tão forte que elas caíram no chão. “Quando me dei conta, dezenas de pessoas estavam ao nosso redor nos ajudando a levantar porque corríamos o risco de ser atropeladas. Saí andando completamente tonta”, contou ela, que é coordenadora de gestão estratégica. Patrícia não é a única destrambelhada que anda por aí. Por dia, o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII atende pelo menos três casos de pessoas que trombam em outras, em um animal ou objetivo fixo. 

A distração, pressa e mesmo falta de coordenação motora geraram mais de mil atendimentos no hospital em 2011. Só até setembro deste ano, 824 pessoas foram parar no João XXIII por colisões. Para a coordenadora de gestão, a topada no meio da rua serviu para mudar seus hábitos. Agora, ela se organiza para não fazer nada com pressa e não se arrisca a andar e mexer no celular ao mesmo tempo. “Já tentei passar mensagem e ligar enquanto estava caminhando na rua, mas vi que não dava conta. Então desisti. Quando preciso olhar algo no celular, paro e olho com calma”, diz.

Mas nem todo mundo assume essa dificuldade. A razão disso, explica o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Minas Gerais, Francisco Nogueira, é o corre-corre. “Nos dias de hoje tudo acontece muito rápido. As pessoas têm pressa para tudo porque têm muitas cobranças de ordem financeira e profissional”, explica. Com tantos compromissos, o nível de distração aumenta, segundo o médico. “As pessoas estão todo o tempo pensando em mil coisas e ficam desatentas.” 

O celular e todos os equipamentos eletrônicos atuais ajudam a aumentar a distração durante o deslocamento. Usados em lugares muito cheios, como no Centro da cidade, a situação se agrava. “Nas regiões mais movimentadas, é comum as pessoas se esbarrarem, principalmente por conta da correria e da falta de atenção gerada pelo uso de telefones celulares, iPhones ou aparelhos de música enquanto caminham”, afirma Nogueira.

Muita calma
A recomendação do médico para não entrar nas estatística é simples de ser seguida, mas desafiadora. Segundo ele, é preciso planejar melhor o dia e levar a vida com mais calma. Atenção nos deslocamentos nunca é demais, segundo ele. “Ninguém precisa andar neurado, mas estar atento ao que se passa ao redor é essencial.” 

Raramente essas batidas causam traumas graves, mas, alerta o especialista, elas podem ocorrer sim. “Geralmente quem se acidenta dessa forma sofre um ferimento leve, como um pequeno corte. Mas há casos até de fraturas e se a pessoa cai e bate a cabeça pode ter um problema maior, como um traumatismo craniano”, explica. 


PALAVRA DE ESPECIALISTA
Hérika Sadi, Coordenadora do laboratório de Análise do Comportamento da Universidade Fumec
“Falta foco e atenção”
“Existem algumas atividades que podem ser feitas em paralelo, mas outras de maior complexidade, exigem atenção focada e exclusiva. Atualmente, as pessoas não dão conta de ficar ociosas. Estão o tempo todo ligando para alguém, acessando as redes sociais e trocando mensagens de celular, inclusive enquanto estão andando. Em alguns casos, patologias ou problemas de desenvolvimento psicomotor podem ser observados, mas de modo geral, a distração é provocada pela falta de foco e atenção naquilo que se está fazendo.” 

Números
386
pessoas bateram contra outras e foram parar no hospital em 2011

697
pessoas trombaram em um animal ou objeto e precisaram de atendimento em 2011

308
pessoas colidiram com outras até setembro de 2012

516
bateram em animais ou objetos no mesmo período e foram para o João XXIII

 

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