segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Incêndio em boate deixa 233 mortos no Rio Grande do Sul


Outras 127 pessoas ficaram feridas após a maior tragédia da história do Estado; um sinalizador teria provocado o fogo
Publicado no Super Notícia em 28/01/2013
Avalie esta notícia » 
2
4
6
8
FOTO: ERMANO RORATTO/AGÊNCIA RBS/ESTADÃO CONTEÚDO
Santa Maria. O incêndio com mais mortes nos últimos 50 anos no Brasil causou comoção nacional e grande repercussão internacional. Em poucos minutos, centenas de pessoas - na maioria jovens - morreram na boate Kiss de Santa Maria - cidade universitária na região central do Rio Grande do Sul. Até o fechamento desta edição, foram confirmadas 233 mortes. Outras 127 pessoas estavam hospitalizadas. Pelo menos 40 delas corriam risco de morrer.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, mais de 200 corpos já tinham sido identificados até o final da noite de ontem.

A tragédia começou às 2h30 desse domingo, quando um músico acendeu um sinalizador para dar início ao show pirotécnico da banda Gurizada Fandangueira. No momento, cerca de 2.000 pessoas acompanhavam a festa organizada por estudantes do primeiro ano das faculdades de Tecnologia de Alimentos, Agronomia, Medicina Veterinária, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Uma fagulha atingiu o sistema de exaustão da casa noturna e o fogo se alastrou rapidamente pelo teto com papelão e material de proteção acústica. As vítimas, porém, não foram atingidas pelas chamas - 90% morreram asfixiadas.

"A maior parte dessas pessoas foi asfixiada. O isopor gera uma fumaça muito tóxica.Também houve pânico e os jovens sairam pisoteando uns aos outros", afirmou o comandante-geral dos Bombeiros do Rio Grande do Sul, coronel Guido Pedroso de Melo.

Sem porta de emergência nem sinalização, muitas pessoas em pânico e no escuro não conseguiram achar a única saída existente na boate. Com a fumaça, várias vítimas morreram perto do banheiro ou dentro dele. Para piorar, seguranças da casa tentaram impedir alguns frequentadores de sair antes de pagar a comanda. Na rua estreita, o escoamento do público foi difícil. Bombeiros e voluntários quebraram as paredes externas da boate para criar novas passagens. Ao tentarem entrar, tiveram de abrir caminho no meio dos corpos para chegar às pessoas que ainda agonizavam.

Michele Pereira, auxiliar de escritório, relatou que estava em frente ao palco da boate quando o incêndio começou e confirmou que os sinalizadores disparados pela banda deram início as chamas. "Aí o teto começou a pegar fogo, estava bem fraquinho, mas em questão de segundos começou a se alastrar".
Michele Schneid, caixa da boate, em depoimento a Associated Press, disse que os frequentadores da Kiss começaram a gritar "fogo", o que causou tumulto e correria em direção à saída. "Muitas pessoas correram para os banheiros e acabaram morrendo sufocadas", declarou.

O atendimento aos feridos do incêndio mobilizou médicos, psicólogos, voluntários e hospitais de várias cidades e até da Argentina, que anunciou o envio de pele para enxertos para as pessoas queimadas. Feridos com queimaduras graves foram transferidos para Porto Alegre e, segundo o governo, centros de referências no Rio e Paraná estão prontos para receber eventuais pacientes.

As causas do incêndio serão investigadas pela Brigada Militar e demais órgãos de segurança do Estado.
A página da boate Kiss no Facebook divulgou ontem comunicado lamentando a tragédia e informando que o quadro de funcionários estava "devidamente treinado e preparado para qualquer situação de contingência".

Nenhum comentário:

Postar um comentário