domingo, 26 de agosto de 2012

As epilepsias têm tratamento e cura


Denise Almeida e sua luta por uma vida com qualidade e sem preconceito
Publicado no Super Notícia em 26/08/2012
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PAULA SANTOS
FOTO: PAULA SANTOS/DIVULGAÇÃO
Respeito, carinho e admiração fazem parte da relação entre
Dizer "obrigada" é pouco quando se agradece pela vida. Era preciso fazer algo a mais, espalhar ao vento que é possível conviver com as epilepsias ou, até mesmo, se curar. Essa é a história de Denise de Miranda Almeida, de 52 anos, uma soldado na luta pela divulgação da doença e dos tratamentos.

Denise começou a ter crises epiléticas aos três anos, como sequela de um sarampo. O preconceito foi o primeiro a bater à sua porta, começando dentro de casa. Denise conta que, quando a família ia viajar, a mãe não a levava: "você não pode ir, e sabe porque". Essas palavras marcaram a vida dela, que também sofria com o preconceito. "Já levei vários pontos na cabeça por causa das quedas durante as convulsões. E nunca recebi ajuda de ninguém", desabafa.

A vida de Denise foi uma luta constante. Com até cinco crises por dia, ela conta que já usou todos os medicamentos desenvolvidos. O maior medo da mãe de Denise era saber como a filha iria sobreviver depois da morte dela. E assim, segundo elas, Deus se encarregou de ajuda-las. "Peço tudo a Deus e consigo", afirma, com fé.
Cura
Foi em um programa de televisão que Denise chegou ao Núcleo Avançado de Tratamento das Epilepsias (Nate) do hospital Felício Rocho. Pioneiro no estado, o Nate se dedica ao tratamento multidisciplinar da doença, com neurologistas, neurocirurgiões, neurofisiologistas, neuropsicólogos, psiquiatra e pessoal técnico especializado.

Denise foi acompanhada pelo Nate por cinco anos e, no dia 15.12.2009, aos 50 anos, foi operada. A cirurgia, centésima realizada pelo Nate, eliminou as crises e garantiu uma melhora significativa na qualidade de vida. "Eu renasci", afirma Denise, emocionada.

Dr. José Maurício Siqueira, neurocirurgião do hospital Felício Rocho e coordenador do Nate, afirma que as epilepsias são a doença neurológica mais frequente. Segundo o médico, a maioria dos atendimentos do Samu no dia é de pacientes com crise epilética. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que mais de 50 milhões de pessoas no mundo convivem com a enfermidade, que não escolhe idade, raça, classe social ou nacionalidade. A prevalência é de 2% na população, ou seja, a cada cem pessoas, duas têm a doença.

O médico explica que 80% das pessoas que sofrem com as epilepsias controlam bem as crises com medicamentos. Os outros 20% são casos de difícil controle, mesmo usando remédios. "Esses precisam passar por uma unidade especializada em epilepsias". Segundo o dr. José Maurício, desses 20%, 30% passam por pseudocrises, provocadas por distúrbios emocionais.

Dr. José Maurício afirma que não é fácil criar um centro especializado em epilepsias. Ele demorou 20 anos para criar o Nate e explica que é preciso uma infraestrutura hospitalar muito grande, além de uma equipe multidisciplinar especializada na área.

A falta de informação também é um problema apontado pelo médico. "Outros doentes se mobilizam, mas os epiléticos não assumem a doença", afirma .

O tratamento de Denise só foi possível porque o irmão mais novo dela pagou um plano de saúde. Um ano depois de operar, ela começou a divulgar o tratamento. "Muitas pessoas me criticam por falar da doença. Mas Deus me deu uma bênção tão grande e eu não vou contar para ninguém? Eu sinto um bem enorme em fazer isso". Para Denise, o hospital Felício Rocho é sua casa, sua vida. Lá, é tratada com muito carinho e admiração. "Preciso reconhecer o que fizeram por mim, afinal, não tem preço a minha felicidade. Sofri muito, descobri o caminho para a cura sozinha e quero ajudar outras pessoas a vencerem essa batalha".

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