domingo, 26 de agosto de 2012

Legendas sofrem com 'estiagem' nas doações de campanha


Partidos poderão sofrer com dívidas pós-campanha

Publicação: 26/08/2012 08:11 Atualização:
Faltam 42 dias para o primeiro turno das eleições municipais deste ano, e a maior parte dos comitês financeiros das campanhas em todo o país ainda sofre com a escassez de doações, tanto de pessoas físicas quanto de empresas. A "seca" atinge indiscriminadamente os partidos, que se preocupam tanto com o fluxo de caixa quanto possíveis dívidas no pós-campanha.

O ritmo lento da arrecadação fica mais evidente quando se compara os primeiros resultados parciais dos comitês neste ano com as cifras obtidas em igual período na campanha municipal de 2008. Em Belo Horizonte, o prefeito e candidato do PSB à reeleição, Marcio Lacerda, registrou, em seu primeiro relatório parcial de campanha, uma receita de R$ 1 milhão. Em 2008, o resultado consolidado durante agosto apontava R$ 2,12 milhões arrecadados. O principal oponente na campanha deste ano, o petista Patrus Ananias, conseguiu R$ 897,5 mil.

Os reflexos do julgamento do mensalão e da CPI do Cachoeira, que colocou na berlinda a Construtora Delta e, em menor escala, a incerteza do mercado diante da ameaçadora crise econômica na Zona do Euro, são os motivos mais citados por tesoureiros e políticos com experiência em campanha de todas as legendas. "O escândalo envolvendo a Delta atingiu por tabela todo o setor da construção civil. As empreiteiras estão cautelosas, sempre pedem mais tempo para colocar a mão no bolso", diz um petista de São Paulo com trânsito no comitê do candidato Fernando Haddad.

A hesitação dos doadores parece se refletir na arrecadação petista na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Haddad registrou no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) relatório parcial somando R$ 1,4 milhão – montante equivalente a 0,15% do limite de gastos previstos pela campanha, de R$ 90 milhões. "Tradicionalmente, o doador joga o grosso das contribuições para setembro, já mais para o fim da campanha. Até para não ter que receber pedido de doação duas vezes", minimiza o coordenador-geral do comitê de Haddad, vereador Antonio Donato.

Parcial Mas não é só Haddad quem sofre em São Paulo. À frente das pesquisas de intenção de votos, o candidato do PRB, Celso Russomanno, registrou apenas R$ 239,3 mil em sua primeira parcial. Nenhum centavo foi doado por pessoa jurídica: R$ 46,3 mil chegaram via pessoas físicas e o restante, do partido. Em segundo lugar nas pesquisas, José Serra (PSDB) mostra uma receita bem mais robusta: R$ 1,5 milhão.

"As dificuldades estão em todos os estados. A gente tem percorrido os escritórios de empresas que tradicionalmente doam para o partido, mas eles sempre pedem mais tempo", conta Dilson Peixoto, tesoureiro da campanha de Humberto Costa (PT) no Recife. A contabilidade parcial de Costa somou R$ 600 mil arrecadados. O candidato do PSB, Geraldo Júlio, conseguiu R$ 1,58 milhão, sendo que R$ 1 milhão são do próprio partido. Na mesma disputa, o democrata Mendonça Filho obteve R$ 600 mil. Tudo dinheiro vindo do DEM.

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