quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Estudante que matou mulher em Contagem vai responder também por atacar enteado Polícia conclui inquérito e indicia o homem por homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio


Publicação: 30/10/2012 20:17 Atualização: 30/10/2012 23:43
Cabisbaixo, Welington deixou a delegacia de Homicídios de Contagem após prestar depoimento sobre a morte da mulher (Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
Cabisbaixo, Welington deixou a delegacia de Homicídios de Contagem após prestar depoimento sobre a morte da mulher

O estudante Welington Rodrigues Tavares, de 29 anos, foi indiciado por homicídio triplicamente qualificado pelo assassinato da mulher, a médica Cristiani Moreira, 41, e por tentativa de homicídio contra o enteado, um garoto de 12 anos que tentou defender a mãe. O inquérito policial foi encerrado nesta terça-feira pelo delegado Luciano Guimarães do Nascimento, da Delegacia de Homicídios de Contagem, que já o remeteu ao Tribunal de Justiça.

A conclusão inquérito ocorreu após o delegado ouvir o depoimento de Welington nesta manhã. Outras 12 pessoas, entre familiares, amigos e vizinhos do casal foram ouvidos pelo investigador. Após ser ouvido na delegacia, o estudante retornou ao Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Contagem. A polícia não informou se pediu a manutenção da prisão dele até o julgamento.

No depoimento, que durou cerca de meia hora, Welington afirmou que pouco se lembra do momento em atacou a mulher. O crime ocorreu em 21 de outubro, um domingo, depois que o casal retornou de uma festa em Betim. Segundo o delegado, além de ter consumido muita bebida alcóolica no evento, o estudante ainda bebeu mais quando foi até a casa de um amigo do enteado, que os acompanharia até o apartamento do casal no Bairro Riacho. Os dois adolescentes fariam um trabalho de escola no dia, mas acabaram vivenciando momentos de terror.
Wellington afirmou ao delegado que começou a discutir com Cristiani pouco depois de chegar em casa. O motivo da briga seria uma discussão por causa da partida entre Atlético e Fluminense. O estudante queria assistir ao segundo tempo do jogo em um bar, mas a mulher teria se mostrado contrária porque ele já estava muito embriagado. A discussão aumentou e Wellington se armou com uma faca, esfaqueando Cristiani. 

Ao delegado, o estudante afirmou que não se lembra de nada após a discussão. Disse ter ficado apagado, só recobrando a consciência no hospital onde foi internado. Ele tentou se matar após atacar a médica, cortando os pulsos e cravando uma faca no próprio peito.

Crianças testemunham terror
Enquanto o casal brigava na cozinha, os meninos foram para o quarto buscar o material escolar para iniciar o trabalho. O filho de Cristiani não se lembra de ouvir a discussão, mas quando foi até a cozinha viu o padrasto agarrando a mãe pelo pescoço. Ela teve a reação de mandar o colega ligar para a polícia e pedir socorro. 

Em um ato de defesa, o menino foi até o quarto e pegou um skate. Ele tentou bater no padrasto para salvar a mãe, mas acabou atingido por dois golpes de faca, no braço e na cabeça. O garoto correu para o quarto e pediu que o amigo segurasse a porta, com medo das agressões de Welington. A criança tentou ligar para um tio, mas sem sucesso, e ainda telefonou para o 190 da PM, porém estava muito nervoso e não conseguia informar aos policiais o que estava acontecendo. 

Minutos depois, o garoto saiu do quarto perguntando “vocês pararam de brigar” e encontrou a mãe cambaleando na cozinha. Ela caiu, bateu a cabeça na parede e foi amparada pelo filho, que tirou a camisa para estancar o sangue no pescoço dela. O garoto ainda presenciou o padrasto andando desnorteado pela casa com uma faca cravada no peito e com ferimentos nos pulsos. 

O menino ordenou que o amigo saísse do apartamento para pedir ajudar. O colega conseguiu chamar uma vizinha e o síndico do prédio, que acionaram Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) e a polícia. Cristiani morreu antes de dar entrada no Hospital Municipal de Contagem. Welington ficou hospitalizado e saiu da unidade de saúde direto para cadeia. 

História do casal 
Casal não tinha histórico de brigas violentas (Reprodução/Facebook)
Casal não tinha histórico de brigas violentas
Um relacionamento de cinco anos, cheio de projetos e aparentemente tranquilo. Os familiares do estudante de direito e da médica ainda buscam respostas para o crime. Cristiani trabalhava há cinco anos no Programa de Saúde da Família (PSF), atendendo pacientes no Centro de Saúde Maria Madalena Teodoro, e no Hospital JK, ambos na Região do Barreiro, em BH. 

A médica tinha um acordo com o marido: ele cuidaria da casa enquanto cursava direito e ela continuaria trabalhando para sustentar a família. O casal não tinha históricos de violência. Os parentes deles eram amigos e atestaram a boa convivência. Com a morte de Cristiani, o filho de 12 anos deve ser criado por uma tia em Juiz de Fora, na Zona de Minas, onde mora a família da médica. O pai biológico do garoto morreu há cerca de dois anos. (Com informações de Andréa Silva

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