segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Crises de hipoglicemia podem provocar acidentes


Comprometimento da visão e espasmos nos pés são alguns sintomas que podem ser perigosos em quem está dirigindo
Publicado no Super Notícia em 18/02/2013
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FOTO: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ABR/DIVULGAÇÃO
Estudo mostrou que 60% dos diabéticos não testam o nível de açúcar no sangue ao volante
Acessos repentinos de baixa de açúcar do sangue, ou hipoglicemia - problema enfrentado com frequência por quem sofre de diabetes, especialmente a tipo 1 -, podem levar a confusão mental, reações retardadas, visão borrada ou perda de consciência. Mesmo sem ocorrer uma queda no nível de açúcar, diabéticos podem ter comprometimento da visão ou espasmos nervosos nos pés. Todas essas condições podem ser muito perigosas se ocorrerem quando a pessoa estiver dirigindo.

O cinegrafista Dan Fried, 47, é portador de diabetes tipo 1 e passou por um episódio preocupante. Dirigindo a caminho de um almoço com seu irmão, ele teve uma crise de hipoglicemia e ficou desorientado. Ele conduziu sua van até o acostamento, onde guardas da polícia rodoviária - que haviam recebido uma denúncia sobre um motorista que dirigia perigosamente - o encontraram tombado sobre o volante, quase inconsciente.

Acreditando que Fried estivesse alcoolizado ou drogado e resistindo à abordagem, os guardas o algemaram. Eles ignoraram, em seu pulso, um bracelete que informava sua condição de diabético. "Fiquei muito chateado com a coisa toda", afirmou ele, que entrou com um processo contra os policiais.

Estudo

A hipoglicemia é responsável, em parte, pelo fato de os diabéticos serem de 12% a 19% mais propensos do que outros motoristas a sofrer um acidente de carro. Um estudo realizado com 220 portadores de diabetes medicados com insulina descobriu que cerca de 60% deles nunca testavam seus níveis de açúcar no sangue antes de dirigir. A maioria dos participantes do estudo afirmou que pararia se sentisse algum dos sinais da hipoglicemia. Porém, os sintomas mais brandos - como visão borrada, sudorese, fadiga ou irritabilidade - podem ser mais difíceis de ser reconhecidos, de acordo com o diretor de endocrinologia do Hospital de Nova York, Daniel Lorber. "Se a glicose cair ainda mais, o paciente começa a ter questões graves de raciocínio e julgamento, e é isso que mais nos preocupa. A pessoa pode desmaiar ou ter uma convulsão", afirma.

O conhecimento sobre esse problema é incrivelmente baixo. Em um estudo de 2003 que entrevistou pessoas com diabetes em sete cidades dos Estados Unidos e em quatro da Europa, descobriu que metade dos diabéticos do tipo 1 e 33% do tipo 2 relataram que seus médicos nunca haviam mencionado os perigos de hipoglicemia e direção.

Responsáveis

Os motoristas com risco de hipoglicemia têm a responsabilidade de se certificarem de que seus níveis de glicose no sangue não estão muito baixos antes de pegarem no volante, de acordo com o médico da Clínica Cleveland, Ned Kennedy. Ele aconselha os motoristas com pouco açúcar no sangue a comerem algo doce, esperarem 15 minutos e, então, fazerem a medição. "Tomar essa precaução pode evitar problemas", analisa.
Outros remédios são alternativas melhores que insulina
Enquanto a maior parte dos acidentes relacionados às complicações do diabetes acontece com pessoas com o tipo 1 da doença, que precisam tomar insulina, as pessoas com o tipo 2 também estão sob risco.

Uma análise de uma seguradora norte-americana, publicada em novembro do ano passado, focou portadores de diabetes tipo 2 medicados com outras substâncias que não a insulina.

O documento descobriu que motoristas com menos de 65 anos que já haviam sido tratados para hipoglicemia tinham 40% mais chances de sofrer um acidente de carro do que aqueles que nunca haviam tido um tratamento desse tipo. "Até agora, a maioria das pessoas presumiu que os acidentes de carro ligados ao diabetes eram causados pela terapia com insulina. Elas não pensaram que as pessoas em outros tipos de terapias também pudessem causar acidentes devido à hipoglicemia", constata o autor do estudo, Brian Frier, pesquisador da Universidade de Edimburgo.

O especialista notou que uma classe de drogas de tratamento para o diabetes chamadas "sulfonilureias", que estimula o pâncreas a liberar insulina, pode ser especialmente propensa a acionar a baixa da glicose no sangue. Isso acontece, em particular, com as sulfonilureias de longa duração, como a gliburida. Ele afirma que drogas dessa mesma classe, mas de duração mais curta – incluindo a glipizida e a glicazida – podem ser mais seguras para motoristas com diabetes.

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