segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Projeto alerta visitantes sobre o perigo de alimentar quatis do Parque das Mangabeiras


População oferece pipocas e doces para os animais, mas eles podem morder e até transmitir doenças como a raiva

Publicação: 03/09/2012 06:39 Atualização: 03/09/2012 07:25
Grupos saem do Parque das Mangabeiras para comer restos de lixo jogado na Rua Mangabeira da Serra  ((Marcos Michelin/EM/D.A Press- 10/5/11))
Grupos saem do Parque das Mangabeiras para comer restos de lixo jogado na Rua Mangabeira da Serra
 
Alvo de constantes preocupações e reclamações de ambientalistas e moradores do Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, os quatis voltaram a ser tema para conscientização da população belo-horizontina. Ontem, no Parque das Mangabeiras, local com maior concentração desses animais por quilômetro quadrado na América do Sul, o evento Festa do Quati levou informações aos visitantes sobre os riscos de alimentar esses seres, que, por comerem resto de comidas deixados por quem visita o parque, estão prejudicando o equilíbrio ambiental do local, colocando outras espécies em risco de extinção, além de colocarem em perigo a saúde da população.

Em 2011, por exemplo, um estudo de mestrado da UFMG mostrou que os quatis estavam deixando de lado as dietas exemplares, à base de insetos, frutos e pequenos vertebrados, para comer salgadinhos, enlatados, macarrão, pipoca e tantos outros alimentos oferecidos por quem visita o parque. “Com isso, eles passaram a deixar seus habitats para irem em busca de guloseimas. Assim, ao vasculharem as lixeiras, mordem as pessoas e trazem risco de doenças, como a raiva. Isso pode causar um impacto ambiental. Ao se alimentarem de frutos, por exemplo, eles cumprem o ciclo e um papel ecológico para o meio ambiente. Algumas sementes germinam depois que passam pelo intestino e estômago desses animais”, exemplifica Nadja.

Em 2010, a população estimada desses bichos na área verde era de 187 animais. “Em toda a América do Sul, o parque é o local onde há mais quatis por metro quadrado. São 52, sendo que o ideal seriam 10. Como há muitos e uma grande oferta de alimentos, acaba havendo um desequilíbrio na natureza”, alerta. Essas e outras informações foram repassadas aos visitantes, ontem, no Parque das Mangabeiras. “A nossa intenção é conscientizar. É um problema que tem ocorrido também no Parque Nacional do Caparaó, na Zona da Mata”, conta Nadja, que aposta na conscientização para mudar esse cenário.

Pelo menos para a dentista Claudiane Campos, com esse tipo de projeto a realidade dos quatis tem mudado. “Antes os víamos sempre vasculhando as lixeiras, a qualquer hora do dia. Agora não os vemos mais. Isso se deve ao trabalho de educação ambiental que vem sendo feito”, comenta. Seu filho, Davi, de 5 anos, aprendeu ontem, no jogo de tabuleiro, sobre a vida dos quatis e entendeu por que não se pode dar pipocas ou qualquer outro alimento a eles. “O jogo faz com que as crianças aprendam sobre como conservar e fazer bem aos bichos. É o sucesso da festa, porque elas querem ganhar a disputa e tentam sempre prestar atenção nas informações para não errarem. Dessa forma, vão se conscientizando”, afirmou a monitora Sara Clemente. O pequeno Arthur Soares, de 5 anos, aprendeu a gostar dos quatis ao fazer origami do bicho. “Gosto dos animais e não podemos alimentá-los com o que gostamos”, ensina.

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