terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

DETRAN Registro de ocorrências da Lei Seca demora até dez horas



Delegada de plantão afirma que efetivo aumentará; órgão confirma ampliação
Publicado no Super Notícia em 05/02/2013
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JOANA SUAREZ
FOTO: LEO FONTES
Policiais conversam para passar o tempo, enquanto esperam para registrar ocorrências
Era noite de domingo, e a delegacia de plantão do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), em Lourdes, na região Centro-Sul da capital, mais parecia uma sala de espera de pronto-socorro no fim de semana. Além de quem esperava para ser atendido ou que estava acompanhando algum motorista preso, vários policiais militares aguardavam, ansiosos, para registrar suas ocorrências. Alguns estavam ali havia mais de sete horas. O baixo efetivo da Polícia Civil para atender os flagrantes e o aumento da demanda após as mudanças da Lei Seca estão deixando caótica a única unidade de trânsito da capital.

A reportagem ficou durante três horas no Detran. A unidade chegou a ficar com 15 policiais aguardando para serem ouvidos pelo único delegado de plantão, que atua com mais seis policiais civis. A reclamação da demora para o registro de ocorrências é quase unânime.

Um PM contou que já ficou dez horas esperando e que só foi embora porque seu plantão havia acabado. "Fui para casa, mas fiquei de prontidão caso precisasse ser ouvido pelo delegado", disse o militar, que pediu anonimato. Os policiais que conduzem os motoristas abordados nas ruas da capital, presos em flagrante com sintomas de embriaguez, precisam acompanhar a finalização da ocorrência e prestar depoimento porque também são testemunhas.

Segundo policiais civis e militares ouvidos pela reportagem, a falta de efetivo nas delegacias já era um problema, que piorou muito após as mudanças na Lei Seca, regulamentadas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) na última semana. Segundo a delegada de trânsito Rosângela Tulher, a demanda triplicou. "Ainda estamos nos adaptando. O chefe do Detran já prometeu aumentar o efetivo", afirmou.

Acomodação. No Detran, os presos em flagrante ficam em uma sala de vidro, onde há apenas dez cadeiras, mas chega a comportar 15 pessoas. No último sábado, foram 16 flagrantes, que só foram finalizados às 13h do domingo - a maioria oriunda de acidentes com condutores alcoolizados. Os parentes dos detidos também reclamam da demora.

Procurado pela reportagem, a assessoria do Detran informou que já está ampliando o número de profissionais, porém não definiu um prazo para isso.
PARADAS
Viaturas e PMs deixam de fazer ronda nas ruas
Enquanto policiais ficam horas esperando o registro de uma ocorrência na delegacia, áreas da cidade ficam descobertas de rondas e patrulhamentos. Segundo o major Jean Carlos, comandante em substituição do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar na capital (BPtran), o ideal é que as ocorrências demorem, no máximo, 40 minutos para ser registradas. "Ocorrências simples não deveriam demorar mais. Mas, infelizmente, somos parte de uma máquina de segurança em que, se uma parte (Polícia Civil) não funciona, compromete todo o resto", disse.

Segundo o presidente da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares (Aspra/MG), cabo Marco Antônio Bahia, há relatos de um policial que aguardou 17 horas para encerrar a ocorrência em uma delegacia. "Já comunicamos esse problema ao governo e agora vamos reforçar, porque está só piorando com a Lei Seca e desmotivando o policial a pegar uma ocorrência por saber que vai ter que varar a madrugada na delegacia".

O Detran da capital ficou lotado no último domingo apenas com os condutores que foram abordados na rua ou em um acidente, já que os motoristas flagrados nas blitze da Lei Seca não chegaram à unidade. Questionada, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) não explicou o que ocorreu.

"Já era esperado que isso fosse acontecer. O Estado tinha que ter se preparado, aumentando efetivo, antes de fazer as blitze da Lei Seca, para atender à demanda nas delegacias", ressaltou o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol/MG), Denilson Martins. De acordo com os policiais, nas cidades do interior do Estado, a situação também é caótica. (JS)

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