quinta-feira, 25 de abril de 2013

Delegado é ouvido, e defesa vê contradição


Edson Moreira afirmou que Eliza não foi esquartejada na casa de Bola; advogados afirmaram que isso contradiz promotor
Publicado no Super Notícia em 25/04/2013
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TÂMARA TEIXEIRA E JOANA SUAREZ
FOTO: RENATA CALDEIRA/TJMG
Edson Moreira prestou depoimento como testemunha, e não como autoridade policial
Última testemunha a depor no júri de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser executor de Eliza Samudio, o delegado que presidiu o inquérito na época, Edson Moreira, negou que a ex-namorada do goleiro Bruno tenha sido esquartejada na casa de Bola, em Vespasiano, após ser morta por asfixia. A afirmação é diferente das versões dadas pelos primos do jogador, Sérgio Rosa Sales (assassinado em agosto do ano passado) e Jorge Luiz Rosa, menor na época do homicídio, em junho de 2010. Segundo os relatos de ambos, Bola, após asfixiar Eliza, teria esquartejado o corpo e lançado uma das mãos dela aos cães. Conforme Moreira, tudo não passou de uma simulação de Bola para amedrontar as pessoas que presenciaram a execução.

"Estamos diante de um especialista na arte de matar", disse, referindo-se ao ex-policial.

A negativa do esquartejamento na casa de Bola foi usada pelo advogado Ércio Quaresma para questionar a acusação do Ministério Público. "O promotor Henry Vasconcelos baseia sua acusação em uma simulação. É o que acabou de dizer o delegado", afirmou. Quaresma ressaltou que o promotor disse, por diversas vezes, que Eliza foi esquartejada na casa de Bola. Essas falas, segundo ele, serão apresentadas em vídeo para os jurados com o intuito de mostrar a contradição.

Por conta disso, Quaresma questionou até a decisão judicial de ter aplicado medida socioeducativa de internação a Jorge, já que, segundo ele, consta na sentença do então menor que Eliza teria sido desossada na residência do ex-policial. Pelo crime, o primo de Bruno ficou internado por pouco mais de dois anos. Pela indagação, o advogado foi repreendido pela juíza Marixa Rodrigues. O promotor Henry Vasconcelos disse que aponta o esquartejamento baseado no depoimento de Jorge e que só pode trabalhar com o que está nos autos. "Acredito na destruição do corpo, mas não posso confirmar que houve. O único que pode dar essa afirmação é Marcos Aparecido dos Santos".

Pela manhã, o jornalista José Cleves da Silva foi convocado para depor em uma tentativa de desqualificar a investigação policial. Ele foi indiciado por Moreira, em 2000, pelo assassinato da mulher, mas foi inocentado pelo júri. O jornalista disse que considera Moreira um bom delegado e que ele não teve envolvimento nos erros da polícia ocorridos em seu processo. (Com Joana Suarez, Ricardo Vasconcelos e Tâmara Teixeira)
BRUNO
O advogado do goleiro Bruno, Lúcio Adolfo, esteve ontem no Fórum de Contagem para protocolar um recurso contra o atestado de óbito de Eliza Samudio, emitido em janeiro deste ano. Segundo ele, uma juíza não pode interferir em outra comarca que não seja a sua.
Bastidores
Bola chorou, mais uma vez, quando foi fotografado pelos jornalistas ontem. Ele apontou o dedo indicador para o alto, repetindo duas vezes a palavra "Jesus". Na plateia, os filhos e a mulher do ex-policial civil também estavam emocionados.
À força
No primeiro dia do julgamento, a testemunha de defesa José Cleves precisou ser localizada por um oficial de Justiça porque não compareceu ao fórum. Ele disse, ontem, que não queria ter ido porque a sua família já sofreu muito com a repercussão da morte da sua mulher, em 2000. "Fui buscado em casa à força por quatro policiais armados", disse chorando.
Novidades
O promotor Henry Vasconcelos disse ontem que irá exibir provas inéditas nas próximas sessões. São três depoimentos ainda não divulgados do primo do goleiro Jorge Luiz Sales, menor na época da morte de Eliza – ele foi a primeira pessoa a revelar o crime, quando estava no Rio de Janeiro. Segundo o promotor, os depoimentos foram concedidos à promotoria carioca, a um juiz de Minas e a uma assistente social, todos antes dele falar com a polícia mineira. A intenção é provar que, ao contrário do que diz a defesa de Bola, o rapaz não foi pressionado pelos investigadores a incriminar seu cliente. O promotor revelou ainda que irá pedir que um depoimento "revelador" da mulher do goleiro Bruno, a dentista Ingrid Calheiros, seja lido em plenário. 

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