O jovem, principalmente, prefere se arriscar em cima de uma moto, mesmo não estando treinado, do que enfrentar ônibus superlotados e lentos. O jovem tem pressa de chegar, não se dando conta de que tem toda uma vida pela frente. E morre ou mata, nessa ânsia de atingir mais depressa seu destino. Por ironia, outra grande vítima é o idoso, que é atropelado ao atravessar uma rua, sem perceber que em meio a veículos parados se aproxima uma moto apressada.
Mortes ocorrem também em cidades do interior e em áreas rurais, onde aos poucos a moto vai substituindo o cavalo como meio de transporte. No ano passado, o Mapa da Violência no Brasil mostrou que um em cada três acidentes de trânsito com mortes, registrados pelo Denatran, envolveu motocicletas.
Esse Mapa da Violência se baseou em dados de 2010. Desde então, o problema terá aumentado ainda mais, pois o número de motos no trânsito cresce a cada ano, sem maior controle. Nosso Estado tinha em julho último 1,9 milhão de motocicletas. Há 10 anos, eram 579 mil. No mesmo período, as dificuldades de mobilidade dos mineiros aumentaram muito, com estradas e ruas atravancadas por automóveis e caminhões, com ônibus sempre lotados nas horas em que são mais necessários. E sem a alternativa de mais trens de passageiros e metrôs.
Portanto, a solução não se circunscreve aos motociclistas, exigindo ações bem mais amplas, incluindo novas leis. A ação mais efetiva demanda tempo, pois implica mudança cultural, mas deve começar logo. É preciso que trânsito passe a ser uma disciplina obrigatória nas escolas, desde o início do ensino de primeiro grau, até o fim do segundo. Em países desenvolvidos, o aluno aprende também a dirigir na própria escola regular, muitas vezes recebendo ali a sua carteira de habilitação. Só dá certo, evidentemente, numa cultura diferente da que temos atualmente, pois há entre nós quem prefira comprar sua carteira de uma autoridade corrupta do que se habilitar corretamente, para não morrer ou matar no trânsito.